segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Só o Amor É Real - Brian Weiss


Há muito, muito tempo, minha amiga R emprestou-me este livro. Disse-me que seria a única pessoa que o compreenderia. Li-o numa noite, de uma só golfada. Fez-me sentir que não caminhava sozinha no mundo.


Vidas passadas permanecem dentro de nós. Em "Só o Amor é Real", Dr. Weiss revela que cada um de nós possui alguém que nos acompanha pela eternidade. Alguém que já tivemos a felicidade de reencontrar ou que está à nossa procura, porque fomos destinados, para sempre, um ao outro.


"Só o Amor é Real" descreve o drama da procura de almas gémeas — duas pessoas que estão marcadas para todo sempre pelo amor que tiveram em outras encarnações, e que percorrem vidas e vidas, sempre à procura uma da outra. Atravessam oceanos de tempos e profundidades celestiais para estarem connosco novamente. Vêm do outro lado do céu.


Podem parecer diferentes, mas o nosso coração reconhece-as. O nosso coração abrigou-as nos braços em tempos antigos. Há entre eles e nós um laço eterno, que nunca nos deixa sós. A nossa mente pode interferir. "Eu não te conheço". Mas o coração sabe.


Ela toma a nossa mão pela "primeira" vez, e a lembrança daquele toque transcende o tempo e faz disparar uma corrente que percorre todos os átomos do nosso ser. Ela olha nos nossos olhos e vemos um espírito que nos vem acompanhando há séculos.

Há uma estranha sensação no nosso estômago. A nossa pele arrepia-se. Tudo o que existe fora desse momento perde a importância. Ela pode não nos reconhecer, muito embora tenhamos finalmente nos reencontrado, embora a conheçamos. Sentimos a ligação. Vemos o potencial, o futuro.


Mas ela não o vê. Temores, racionalizações, problemas cobrem-lhe os olhos com um véu. Ela não permite que afastemos o véu. Choramos e sofremos, mas ela vai-se . A "natureza" tem os seus caprichos.


Quando os dois se reconhecem, nenhum vulcão é capaz de explodir com força igual. O reconhecimento do espírito pode ser imediato. Uma súbita sensação de familiaridade, de conhecer aquela pessoa em níveis mais profundos do que a mente consciente poderia alcançar. Em níveis geralmente reservados aos mais íntimos membros da família. Ou ainda mais profundos.


Sabemos intuitivamente o que dizer, como ele vai reagir. Um sentimento de segurança e uma confiança muito maior do que se poderia atingir em apenas um dia, uma semana ou um mês. O reconhecimento da alma pode ser subtil e lento. Um despertar da consciência à medida em que o véu se vai aos poucos levantando. Nem todos estão prontos para ver imediatamente. "Nem todos conseguem chegar a um certo nível de sensibilidade, estética e sensualidade". Há um ritmo nisto tudo, e a paciência pode ser necessária àquele que percebe primeiro.


Um olhar, um sonho, uma lembrança, uma sensação podem fazer com que despertemos para a presença do espírito. O toque de suas mãos ou o beijo de seus lábios pode nos despertar e projetar-nos subitamente de volta à vida. O toque que nos desperta pode ser de um filho, de um pai, de uma mãe, de um irmão ou de um amigo leal.


Ou pode ser da pessoa a quem amamos, que atravessa os séculos para nos beijar mais uma vez e lembrar-nos de que estamos juntos sempre, até o fim dos tempos.

A pessoa pode reconhecer a química. A atracção está lá em definitivo, mas a origem da química não é compreendida. É ilusório acreditar que essa paixão, esse reconhecimento da alma, essa atracção sejam facilmente encontradas de novo com outra pessoa. Não se tropeça numa alma gémea todos os dias, talvez só mais uma ou duas vezes numa vida. A graça divina pode recompensar um bom coração, uma alma cheia de amor.

Nunca nos devemos preocupar em encontrar a alma gémea. Tais encontros são coisa do destino.
Ocorrerão. Depois do encontro, reina o livre arbítrio de ambas as partes. Que decisões são ou não tomadas é uma questão de escolha. Os mais adormecidos tomarão decisões baseadas na mente e em todos os medos e preconceitos. Infelizmente, isto muitas vezes resulta em corações partidos."

Brian Weiss, in Só o Amor é Real. A História do Reencontro de Almas Gémeas”


Mustapha nomeou-o num dos seus enigmáticos paradigmas, a propósito de um dos meus, "o Amor é forte como a morte" em o "Cântico dos Cânticos", superando as sagradas escrituras: "O Amor é mais forte que a morte".

Achei este facto, aliado a tantos outros, muitíssimo curioso.

1 Paradigma(s) do Outro:

Anónimo disse...

Fui aconselhado a ler este livro, há uns anos atrás. Li-o, também, de forma rápida, apenas duas semanas, o que para mim, acredita, é rápido. Fez-me questionar a minha crença na existência de vidas passadas. Nunca defini muito bem qual a minha posição sobre o que acontece quando morremos, mas depois de o “Só o Amor é Real”, inclinei-me para, pelo menos, ter a esperança de que sejamos mais do que seres finitos.

Já na altura em que no liceu estudei a “Teoria das Reminiscências”, de Platão, questionei-me muitas vezes sobre essas tais sensações de dejá vu. Sítios, pessoas, situações, que nos parecem estranhamente familiares, e que nos fazem ficar a dar voltas à cabeça tentando recordar. Onde? Quando? Quem? Como? Pessoas que parece que conhecemos desde sempre. Que parecem conhecer-nos desde sempre. Com quem temos empatia imediata. E “esse toque que nos desperta” pode ser realmente de alguém que nos foi muito próximo. Algo além da nossa compreensão.

Não queria no entanto, no meu comentário ao “Cântico dos Cânticos”, sobrepor-me às sagradas escrituras mas sim reforçar a mensagem de vitória da fé sobre a morte. Deus é Amor.