quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

My Favourite Spots @ The Eternal City according to...


Ora aqui está uma grande questão, questão essa que depende de com qual dos Egos-ângulo, pinceladas da palete que compõem o quadro do meu ser estou a analisar. Se não vejamos:


Ego Consumista: Via dei Gondotti e Piazza di Spagna. Oh, Meu Deus! A loja da Prada foi sem dúvida a minha preferida. Vi lá o vestido ideal para o Baptizado do meu sobrinho. O único inconveniente foi mesmo o preço: € 4500. Proibitivo! A escadaria tem o seu encanto, sobretudo porque está pejada de pessoas a fazer fotosíntese todo o dia... Mas deixem-me que vos diga, Meus Amigos, vale a pena entrar em todas aquelas lojas, só pelo prazer (e quando eu digo prazer é mesmo prazer físico) de regalar os olhos com coisas desenhadas para ser belas...começando pelo senhor (ou melhor, pela Brasa-acabada-de-saír-de-uma-página-da-Vogue) que gentilmente nos abre a porta...


Ego Romântico: A esplanada que existe plantada pelos deuses à entrada dos jardins da Villa Borghese...


Ego Espiritual: O altar da Basílica de São Pedro. A escolha foi difícil. Poderiam ter sido os frescos da Capela Sistina, mas nem as cores garridas e os episódios bíblicos retratados com tanta vividez me fizeram balançar. Comovida fiquei mesmo quando, descendo a arfar da cúpula da Basílica, lá entrei e dei de caras com o altar. Tem um vitral em tons ocre com um tom mais escuro no centro que, conforme lhe bate a luz, parece mesmo um Olho gigante, como que a fitar-nos. Deus, tudo vê! E depois, aquele trono talhado em pau santo... É um trono e está vazio. É certo. Mas apenas aos olhos dos não crentes. Sente-se a Sua presença, sentado naquele exacto lugar... Não contive as lágrimas ao túmulo de João Paulo II. É ainda um local de peregrinação vivo. Velas, flores, orações, luz. Mesmo à direita de São Pedro. A simbologia é tudo...



Ego Cultural: Uma missa coral na Basílica de São Paulo presidida pelo Papa. A alegria da comunhão da Fé presidida pelo sumo pontífice. Eram tantas as Ordens Religiosas, das irmãs e dos padres, tantos os hábitos. Surpreendeu-me que batessem palmas e acenassem com lenços brancos a chegada e a saída do Papa. Todos juntos, cantando a Fé em latim, língua viva para os crentes. Em segundo lugar, uma missa com canto gregoriano (aí uns 20 padres), em italiano na Chiesa di San Anselmo, pertíssimo do nosso Hotel.



Ego Humilde: a revelação mais surpreendente foi espreitar pelo buraco da fechadura de um portão gigante, na Piazza dei Cavalieri di Malta, again, perto do nosso Hotel, ver um longo caminho em brita com ciprestes ladeando-o e lá bem ao fundo, a cúpula da Basílica de São Pedro. Arrebatador. De noite, sobretudo.



Ego Soberbo: O nosso Hotel San Anselmo. Se um dia voltar a Roma (e espero que sim, porque atirei a moeda de costas para a bela Fontana di Trevi), irei lá ficar novamente. Desde o luxuoso conforto barroco dos quartos, até à simpatia de Mr. Vicenzo, le concièrge, tudo foi maravilhoso na nossa estada. O pequeno-almoço rico e fresco, a decoração cuidada e majestosa, as toalhas quentes, a banheira de hidromassagem, a temperatura do quarto, o conforto da cama, a limpeza e arrumação. No meu dia de anos, room service especial: duas flutes e champagne brut (o meu preferido)...Nunca dormi tão bem...Ah, e um agradecimento especial a quem me ofereceu aquele faustoso ramo de flores que quase me fez chorar de emoção...Túlipas rosa (declaração de amor), rosas brancas (Amor a Deus, pensamento abstrato, pureza, silêncio, virgindade) e lírios amarelos (casamento, doçura, inocência, pureza) compunham o ramo...



Ego Ritual: A excursão diária à Fontana di Trevi (fechar os olhos e ouvir a água jorrar e depois abrir e dar de caras com Aquilo), de dia e de noite, e a excursão diária ao buraco da fechadura, de dia e de noite.



Ego Guloso: Sem dúvida, a melhor comida de sempre. Começando pelo balde de Tiramisú em La Villetta, passando pelo supli, as Pizzas (as melhores que já comi) e a Panna Cota em Remo e pela fusão delicada em Gusto...até a panini vegetariana crocante em Forno (Campo di Fiori) eu adorei! Mas com os 20 Km diários, impossível seria engordar...



Ego Lascivo: Oh Meu Deus, os homens italianos (pelo menos os straights, que são em maior quantidade com que esperava à partida) são de um charme e lata que me atrai instintivamente. Dou por mim a aspirar sem querer os vapores dos seus bons perfumes, a olhar fixamente nos olhos ardentes que me desejam de volta, a admirar como que em câmara lenta os esvoaçantes sobretudos de caxemira...ah, e as camisas de gola italiana com gravatas de nó bem grosso são muuuuuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito sugestivas...E não têm vergonha nenhuma na cara...eles olham...oh, se olham...



Ego Cultural/Guloso: os Caffés históricos. Ainda que a minha primeira inclinação fosse venerar o Rosati na Piazza del Popolo pela sua cor politica, o Grecco na Via dei Gondotti é o mais luxuoso e apetitoso, mais a minha praia. A casa Babington é mediana. As geladarias, aparentemente modestas, têm simplesmente os melhores sabores do mundo: na Gellateria San Crispino perto da Fontana di Trevi, o melhor merengue de côco. Na Gellateria Fioco di Neve, o melhor Zabaglione. Só tive pena de não ter apetite para os Profiterole enrolados em chocolate do Caffé Gigliotti (se não estou em erro).



Ego Monumental: Peço desculpa aos meus amigos "cultos", mas o Coliseu só é bonito pela sua magnitude. Aquela época da história é para mim a menos apelativa. O Renascimento diz-me muito mais ao coração. Por isso, todas as milhentas igrejas e frescos de Caravaggio e Michelangelo me deixam muito mais estarrecida. As imagens de santos espalhadas por toda a cidade...Gostei muito do "Bolo da Noiva", Il Vittoriano...gosto de monumentos branquinhos, lavadinhos, arrumadinhos, simétricos...enfim, que facere?



Ego Empático: A simpatia de todos aqueles que nos atenderam nas lojas (excepto a bruta de Yamamo), de todos aqueles que abordámos na rua pedindo direcções, de todos aqueles a quem nos dirigiamos em italiano e nos respondiam assumindo que falávamos a mesma língua... Vou nomear os mais simpáticos e que me ficaram na memória: a makeup artist que nos explicou como fazer o smoky eye, a rapariga da loja Farfalina, o meu Vicenzo, o chinoca do room service, a romena da Furla, o casal de meia idade a quem perguntámos sobre a Floco di Neve, o pessoal da Greenpeace, o casal de velhotes a quem perguntei por Aventino desde a Piazza Venezzia, todos os Carabinieri sem excepção, o chefe da Pizzeria Remo, o Pontifical Swiss Guard na Basílica de São Paulo, os senhores do Caffé San Pedro que me ofereceram o meu almoço de anos...



Amei...tudo! Até os caixotes de lixo das ruas...


Foto do dia: Altar da Basílica de São Pedro, com a definição possível...

1 Paradigma(s) do Outro:

Anónimo disse...

Que bom quando as viagens que fazemos nos dão tamanho prazer.

Roma está de facto no meu top ten de cidades visitadas. Já lá estive por duas vezes, se bem que a segunda foi apenas de passagem. No meu top talvez só seja superada por São Petersburgo e Praga. Actaulemente revejo-a todos os dias, ou quase todos os dias, nas páginas de "Anjos e Demónios".

E os italianos conseguem viver numa balbúrdia ainda maior que a nossa. E isso é incrivel.