terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Fumar ou não fumar, eis a questão


Acordei um minuto antes do despertador. Woohoo, pensei. Deixei-me ficar e desliguei-o, mal começou a vibrar. Acendi a luz. Coloquei o robe pelos ombros, dei uma laçada no cinto. Prendi a trunfa com um ganchinho. Abri a janela. Estava um sol radioso. Suspirei.


Fui directa para a cozinha com a Visão debaixo do braço, preparar uma taça de leite e cereais. Como sempre, mal cheguei à cozinha liguei o rádio. Uma música qualquer que já nem me lembro a passar.


Li o artigo do "Como deixar mesmo de fumar". Não que fume activamente, mas sempre me interessa saber o que é que as pessoas têm que fazer para "curar" um vício que só lhes aumenta a ansiedade e stress, em vez de as acalmar (crença geral). Enfim. A perseguição que se faz hoje-em-dia aos coitados dos fumadores é que para mim é irracional. Eles têm direitos! Desde que não incomodem ninguém...lá estão os limites da liberdade a falar.


E depois, falam-me dos direitos dos não-fumadores que não têm que ser obrigados a fumar passivamente, que escolhem ser saudáveis. Tudo bem. Não temos que fumar passivamente. Mas as pessoas que vão passear tardes inteiras para os centros comerciais, cujos sistemas de ventilação/extracção e insuflação de ar fresco são insuficientes para o poluente gerado (dióxido de carbono) pelo simples metabolismo humano, com isso não se preocupam.


Com as dioxinas e furanos (substâncias cancerígenas) que inalam e ingerem quando vão comprar frangos assados ou quando fazem barbecues no Verão, também não os preocupa.


Os estúpidos que queimam pneus a céu aberto também não se preocupam em lançar para a atmosfera quantidades muito maiores de poluentes que uma simples co-incineração em condições controladas.


A incineração de resíduos hospitalares também os preocupa muito. Até a Quercus anda preocupada. Mas onde é que esta gente (os "técnicos" destas ONG's) estudou para arranjar fundamentos científicos que suportem estas opiniões? Prefeririam mandar para aterro restos humanos? Em absoluto...longe da vista longe do coração.


Os mecânicos que trabalham em oficinas todo o santo dia também não estão preocupados com as quantidades de monóxido de carbono que se lhes liga aos glóbulos vermelhos em vez do oxigénio que não entra em quantidades suficientes para lhes alimentar o cérebro.


E curiosamente, não se vê ninguém nos parques da cidade. Quando era miúda, ia com os meus Pais quase todos os fins-de-semana à Gulbenkian. Do Campo Grande só se ouve falar de assaltos.

O Parque das Conchas só tem ocupado o parque infantil. O resto está deserto. Tanto melhor para os corredores. A Expo enche-se de gente a fazer o passeio dos tristes. As zonas verdes estão desertas. Já nem se fazem piqueniques no primeiro de Maio.


As doenças cardiovasculares é que são a maior causa de morte em Portugal, não o cancro do pulmão. Que tal comerem mais saladinha? E frutinha? Menos carne vermelha? Mais grelhadinhos e cozidinhos? Menos cervejola e vinhaça? Mais exercício físico, não? Mexer esses rabos gordos é que não...


Mas não! O fumo do tabaco é que é um flagelo.


O meu Pai fumou durante grande parte da minha infância e adolescência. O cigarro da praxe a acompanhar o café à hora da refeição, curiosamente nunca me incomodou. Fazia parte do ritual. Fumar é um acto social. Mas o meu Pai é um senhor. O fumo do seu cigarro nunca incomodou nenhum vizinho porque ele sempre foi muito cuidadoso com a direcção da sua pluma (pluma é o nome científico para o desenho da dispersão visível do conjunto de gases de uma dada fonte de emissão).


No fundo, a dualidade fumador vs não fumador é tudo uma questão de hipocrisia ou tema da moda, como a Maddie ou a interrupção voluntária da gravidez.


Estou do lado dos fumadores e nunca fumei nada a minha vida inteira. Pelo menos não activamente. Gosto de entrar num bar ou numa discoteca e ver o fumo a esbater a face das pessoas. Torna toda a experiência de sair à noite muito mais mística.


E depois, não é a mesma coisa chegar a casa e não sentir o cheiro do tabaco impregnado no cabelo e na roupa, até ao soutien...


É como sair da disco sem o zumbido no ouvido e as costas transpiradas. Faz parte!


Viva a liberdade! Abaixo a ignorância!

2 Paradigma(s) do Outro:

Anónimo disse...

Palavra de honra que não esperava outra coisa de ti. BOM SENSO.
Sou um fumador assumido, mas tenho esse direito.
Eu, que por influencia dos mais novos até já estava transformado num reciclador nato,só por raiva incontida deixei-me disso.
Agora acabou o voluntariado; só faço o que for obrigatório e com direito a multas, e só não faço o que é proibido.E já agora só mais uma observação. O Hitler também era assim, muito preocupado com a saude do seu povo tanto que proibia o fumo, a carne e o alcool à sua mesa.
A História também é assim; REPETE-SE.

IV disse...

Oh, Meu Amigão dos Saltos!

Conheces-me desde o dia em que nasci (e talvez ainda na barriga da minha Mãe) e és o meu segundo Pai. Sei que me reconheces bom-senso (embora nem sempre o tenha demonstrado). Sempre acreditaste no meu valor e o proclamaste a todos. Fizeste a recordação mais feliz e memorável na minha infância: a supresa do saco preto! A melhor da minha vida!

Quem me dera um dia adivinhar assim os desejos de uma pessoa e satisfazê-los com a mesma generosidade, abnegação e amor com que o fizeste comigo...

Mil beijinhos,

Nês