domingo, 30 de novembro de 2008

Obrigado por teres sido quem fostes...


In 1953, when asked what she wore in bed, Monroe famously replied, "Why, Chanel No. 5, of course."


É incrível como algumas ideias conseguem ser ainda tão actuais...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Mais uma Aventura...


Há quem faça um corte de cabelo radical, há quem mude de emprego, há quem espezinhe os amigos mais próximos.


A minha maneira de mudar é ocupando cada segundo de pensamento voluntário com um assunto completamente novo. E difícil. Quanto mais tempo demorar para entrar, mais gosto tenho.


Sim, vou voltar a estudar. Que nem doida. Já estou a preparar tudinho. Vou ficar endividada até à ponta dos meus longos cabelos durante uma eternidade. Avizinham-se tempos difíceis. 3 anos. Mas, in the end, sei que vou estar lá, entre os melhores!


Aqui fica um pedido de desculpas antecipado (sim, bem sei que desculpas evitam-se, mas...) pelo meu profundo egoísmo.


Terei menos tempo para estar convosco, Meus Sobrinhos, Minha(s) Mana(s), Meus Pais, Minhas Queridas, Meus Queridos, Minha Luna, Minha Casa.


Irei "quase nunca" ao cinema, em vez de "quase sempre".


Terei as unhas pintadas uma vez por ano (aliás, se as conseguir deixar crescer).


Terei cabelo de bruxa quase quase sempre (aí já podem perguntar sem que vos leve a mal "Vais varrer ou vais voar?).


Falarei cada vez menos de viagens e de livros (de literatura, claro).


Ficarei (ainda mais) vesga.


Se no fim disto tudo, ainda conseguir manter este meu cantinho, serei a mulher mais feliz do mundo.


Tudo o que restar depois deste furacão, é porque era mesmo meu!


Mais uma aventura...no mundo dos livros!

domingo, 23 de novembro de 2008

la Rosa


Não me esquecerei. Desafiei-te para jantar com a graça de uma menina. Guardava uma na manga. Em boa verdade, tinha coisas combinadas, mas não me apetecia. Descartei-me atabalhoadamente. Não me levaram a mal. Respondeste à letra: nem esfusiante nem indiferente. Não me esquecerei.


Não, não me esquecerei. Aguardaste à porta do hotel. Abriste a porta à Princesa. Tinhas aquecido o banco só para mim. Mas a Princesa estava com os calores. Maduro. Confiante. Sabes o que queres e não desvias da rota. Estacionaste à porta, descontraidamente. Não me esquecerei.


Como poderia eu esquecer? La Mafia. la Rosa. Douro, pois! Ricotta e Rucola. Italiano, quando na realidade querias japonês. Guardei o trunfo nipónico para jogar em casa. Oh, não! Outra vez forro vermelho! Mas onde é que eles vão comprar estes fatos? Pediste licença para aliviar o pescoço. Sorri. O que passa na cabeça de uma mulher... Não me esquecerei.


Esquecer-me porquê? Tailândia. Massagem todo o santo dia a preço de chuva. Planos? Já? Conhecemo-nos há tanto e nunca reparei na bondade do teu olhar. O tecto ruiu. O seguro pagou. Um pomar aos 25. Ao contrário. Pode ser que lá voltemos...Não me esquecerei.


Esquecer o inesquecível? Ficou tarde tão cedo. Abriste caminho até mim. Suave. Jamais esquecerei.



terça-feira, 18 de novembro de 2008

Back into shape


A Grande IV informa que acabou de tirar o Passaporte.


Não obstante, este Passaporte, o de Segurança, permite-nos laurear a pevide com relativo à vontade, não em países longínquos, mas sim em instalações de risco elevado como subestações de alta e média tensão, petroquímicas, papeleiras, and so ion and so ion. Tipo, tratamo-nos por tu, a instalação e eu.


Já não se aplica a máxima da Segurança: não sabe não mexe!


Aqui a vossa amiga confessa que já tinha saudades de um bom desafio: foi (para não variar) a melhor da turma e, pasmem-se, com um aproveitamento de 99%.


Damn it!


...onde é que eu estava com a cabeça...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ensaio sobre a Cegueira - Parte II


Em duas palavras: BRU TAL


[nota de edição: eu odeio a expressão “brutal”. Hoje-em-dia é tudo brutal. “Esta sopa é brutal” ou “Esta música é brutal” ou “A minha mãe é brutal”. Tudo isto quer dizer bom, óptimo, maravilhoso ou sinónimos. Com tanto adjectivo que a língua de Camões oferece mesmo ali, à mão de semear, e vão logo escolher o brutal…pelease]

Bom, dizia eu que o filme é Brutal. Estava certa quando escrevi no outro post que, mesmo sem o ter visto, estava já na shortlist de nomeados a Melhor Filme da Minha Vida. E este galardão não é atribuído assim, levianamente, por dá cá aquela palha ou do pé para a mão.

Era suposto que um filme fosse pior que o livro que lhe deu origem, excepções feitas a Dracula de Bram Stoker e a Lolita de Vladimir Nabokov. Ponto final. Para piorar as coisas, o livro em epígrafe é de um dos meus escritores favoritos.

Mas desta vez, para variar, o filme não é melhor nem pior que o livro: é-lhe tão somente Fiel. Não acrescenta, nem corta. Não tece considerandos. O realizador filmou factos. Podia até tratar-se de um documentário. O sumo, esprememo-lo nós. As metáforas do livro também estão lá. Cabe a cada um interpretá-las como bem entende. Se é que entende. Como no livro.

Por outras palavras, amei o facto do filme ser feito para pessoas inteligentes. Não há cá papinha feita.

Fiquei com vontade de repetir para reparar nos pormenores além primeiro plano. Passei todo o santo filme com o coração a saltar-me no peito. Vi poucos jeitos de o conter cá dentro, tal era o nó.

E quando se pensa que a sortuda é a Mulher do Médico porque vê quando mais ninguém consegue, eu diria, que sortudos os que cegaram! Porque não viram a miséria humana, a degradação crescente, apesar de a terem sentido. Infinitamente forte e bem interpretada por Julianne Moore, a personagem cola-se-lhe como segunda pele.

O Cão das Lágrimas, não o imaginava assim. É uma das cenas de Esperança.


O Velho foi magnificamente interpretado pelo grande senhor Danny Glover.

Esperava que o Menino e a desgraça fosse uma dicotomia melhor aproveitada, mas o Bem Comum perderia com isso. Respeito, portanto, a Visão. É por isso que ele é realizador e eu sou uma mera espectadora.


O Médico, não se consegue odiar. Tinha o Mark Ruffalo como actor de segunda, contracenando com Jennifer Garner e Reese Witherspoon em filmes de domingo à tarde. Provou estar à altura. Espero vê-lo em grandes filmes daqui para a frente.

O Gael Garcia Bernal, esse sim, conseguimos odiar. Mas odeia-se mais o Cego que sempre foi Cego.

Mas vão ver (com os vossos olhos e a vossa massa cinzenta) e contem-me tudo!

Se podes olhar, vê.
Se podes ver, repara.


E mais não digo!


[Ah, só mais uma coisinha: os críticos de cinema deste País de m*r*a, que em vez de sentirem um profundo orgulho, quando mais não seja por verem no genérico final um nome português e uma obra prima do Cinema, andam para aí a maldizer gratuitamente. Raistaparta estes ingratos! Deviam mas era ser empalados!]


E, agora sim, tenho dito!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Fascínio

Desde miuda que sou doida pela Índia. Este fabuloso anúncio só veio encantar ainda mais O Sonho que tenho em fazer um backpack nos meandros deste Mundo Fantástico!

Um dia...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

George Clooney


Oh, Meu Deus! O homem é conhecido como o George Clooney do escritório do Cairo.

Sigur Rós


Campo Pequeno. Ontem. (Está a tornar-se um clássico)


Primeira parte da inteira responsabilidade de um conjunto de 4 imberbes islandeses chamados For a Minor Reflection. 3 músicas fizeram a meia hora. Mas que 3 músicas! Intensas. Pulsantes. A alma da banda? O baterista. Asseguro-vos que todos os 4 dão o litro: acredito que apenas o baixista e o baterista não tinham as unhas a sangrar no final.
Confessaram nunca ter tido a casa tão cheia (éramos aí uns 4 mil). Estavam habituados a actuar para grupos entre 20 a 50 pessoas (not). Fizemo-los felizes ontem!


Responsabilidade social, o hot topic do momento, contaram-nos que envergavam t-shirts feitas pela mão de prisioneiros islandeses e que se encontravam à venda, juntamente com o seu cd, à saída do concerto.


Segundo Acto. Sigur Rós. Os meus Sigur Rós. Vieram apresentar o novo disco. Ninguém entende lá o que eles cantam. Eles também não. Inventam uma letra em hopelandic que, acompanhando a melodia, nos invade coração, pulmões e cérebro como maré viva.


É intenso, asseguro-vos. Foram 2 horas sardinha em lata, mas que valeram a pena o deitar tarde, estar em pé, ora com calor, ora com frio, ora envolta numa névoa de fumos diversos, ora estarrecida com aquela voz que nos aquece por dentro.


Não fazendo ideia do que dizem, faz-me pensar que a linguagem que exprimem é universal, como a do Amor (ou não, mas o Mundo seria um lugar seguramente melhor se nos fosse permitido expressarmos esse Estado d'Alma sem atenuações).


Aqui deixo uma das minhas preferidas que, infelizmente, não foi contemplada no alinhamento de ontem, Samskeity do "álbão" Heim.


terça-feira, 11 de novembro de 2008

São Martinho


Atolada em trabalho, pois que só mexo os olhinhos e as mãozinhas para dar despacho às toneladas de assuntos que se acumularam durante uns míseros 5 dias que, por sua vez compõem uma semaninha, na qual estive tão ocupada com A Proposta para O Cliente, que não fiz mais nada a não ser A Proposta.


Hoje recebo um e-mail maroto a desafiar-me para mexer algo mais, mesmo em cima da hora do almoço.


Fomos a uma tasquinha perto do tribunal administrativo (estes advogados!!!). Partilhámos um belíssimo arroz de cherne com gambas. E ficámos combinados para choco frito next week.


No final da refeição, água pé e castanhas!


Aí é que me lembrei que hoje é dia de São Martinho!


segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Leituras Simultâneas




sábado, 8 de novembro de 2008

Tourada

Campo Pequeno. Ontem. Nove e meia da noite.

Vem-me à memória que é apenas a segunda vez que ali vou. A primeira, tinha uns 5/6 anos, para ver circo por altura do Natal. Odeio circo. Já naquela altura era visceral.

Comentei. Ele já lá tinha ido para ver tourada. Confessou até que houve uma altura que não apreciava, mas agora, com a idade, começava cada vez mais a fruir do espectáculo, em especial daquela parte mais justa que era a pega, a parte dos forcados. É mano a mano, dizia. O homem contra o touro.

Fiquei cega. Comecei a ouvir um zumbido nos ouvidos. Cheguei a pensar que estava a ter um ataque cardíaco. Ou um avc.

É que este assunto tem sido debatido cá nas minhas entranhas desde que me conheço como gente. Os meus quase pais e a minha quase Mana são aficcionados. Os meus pais não ligam. A minha Irmã não liga.

Mas eu ligo e muito.

Ohmessa! Não consegui vencer aquela vontade que tive de começar a disparatar com aquele absurdo. Digamos, que também não tentei com o afinco que a situação pedia.

Aproveito este espaço de opinião para expressar a minha. Doa a quem doer. Ofenda-se quem se ofender. Prometo que desta vez respondo aos comentários que aqui quiserem deixar. O assunto assim o exige. Vamos lá então desconstruir:

1) Ah e tal, é tradição

Meus Amigos, tradição vem do latim e quer dizer entrega, isto é, algo que se passa de geração em geração, um hábito, um uso. Se é tradição é porque vos passaram. E será perpetuada, se assim o entenderem, para a próxima geração.

Isto é aquilo a que se chama pescadinha de rabo na boca. Só é tradição porque vos passaram e só continuará a ser tradição se decidirem passar a outro e não ao mesmo.

Oferece-me dizer que também é tradição muçulmana a excisão feminina. Penso que aqui estarão todos de acordo que se trata de uma verdadeira atrocidade, para não dizer atentado à condição humana.

2) Ah e tal, não fossem as touradas e já não havia touros

Por muito que me custe, é a ordem natural das coisas. Ou queriam conviver com mamutes e dinossauros? Se o pobre bicho não se adapta às condições ambientais de hoje-em-dia, que fazer?

Uma coisa é andarmos atrás das tartarugas para lhes proteger os ovos dos predadores, com o objectivo de as devolver ao meio. Louvável.

Ou servirmos de "chulos" ou facilitadores das relações sexuais dos pandas porque são um animal tão, mas tão, mas tão preguiçoso que nem para o sexo arranja energia. O objectivo: termos pandas em zoos. Não tão louvável, mas enfim, sozinhos não se safavam lá fora.

Outra coisa bem diferente é andarmos a criar touros para depois os sacrificar numa arena para gáudio de uma minoria. Reprovável, meus senhores. Reprovável.

3) Ah e tal, mas a parte dos forcados é justa

Justa? I see. O homem (ou vários equivalentes em peso ao touro, serão 5, se não estou em erro) contra o touro. Se virmos a coisa como um momento isolado, até me pareceria bem.

O problema começa pelo facto do raio do contexto mudar tudo. O contexto em que, depois de 300 mil atrocidades inflingidas ao touro (umas que acontecem antes do touro sequer sair da ganadaria, outras durante o transporte até à praça, outras nos bastidores da praça, outras, as menores de todas, em praça pública) aí é que os Forcados têm tomates para enfrentar o touro (desculpem a expressão grosseira, mas estou mesmo revoltada). Mano a mano. Pois sim! Por essa altura, já o coitado do touro está cansado, irritado, abatido, conformado. Isso não é de igual para igual. Temos pena.

4) Ah e tal, mas depois da tourada o touro é morto sem sofrimento

É o mínimo. Mas não o matam para o comer, pois não? Matam porque andaram a torturar o animal por divertimento e depois ele já não está em condições para permanecer vivo sem ser ligado à máquina.

Também vos digo uma coisa: ser considerado espectáculo ver o touro morrer na arena, como em Barrancos ou em qualquer praçinha de toiros de meia-tijela em Espanha, é sinal de que as pessoas se divertem com coisas tristes. Faz-me lembrar os velhos tempos do escorbuto, em que as bruxas eram queimadas em praça pública ou os condenados decapitados (na melhor das hipóteses) à frente de homens, mulheres e crianças. E todos achavam muito divertido.
Ora, Graças a Deus, que se inventou a televisão!
Pronto.
Passado que estava este primeiro embate, e depois da discussão amistosa cujos argumentos colheram, ele guarda a viola no saco. Lindo menino.
Et aprés, 3 horas de puro deleite ao som de Melanie Pain que, digam lá o que disserem, é a alma do grupo. A minha preferida:In a manner of speaking. Bem e Killing Moon. Mas Dance with me também me leva. Para a paródia, Too drunk to fuck ou Human Fly.

Aqui vos deixo uma letra que podia ser minha:

In a Manner of speaking
I just want to say
That I could never forget the way
You told me everything
By saying nothing
In a manner of speaking
I don't understand
How love in silence becomes reprimand
But the way that i feel about you
Is beyond words
Oh give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Ohohohoh give me the words
Give me the words
That tell me everything
In a manner of speaking
Semantics won't do
In this life that we live we only make do
And the way that we feel
Might have to be sacrified
So in a manner of speaking
I just want to say
That just like you I should find a way
To tell you everything
By saying nothing.
Oh give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Ohohohoh give me the words
Give me the words
That tell me everything
Oh give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Ohohohoh give me the words
Give me the words
That tell me everything

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Toxic

Baby, can’t you see
I’m calling
A guy like you
Should wear a warning
It’s dangerous
I’m fallin’
There’s no escape
I can’t wait
I need a hit
Baby, give me it
You’re dangerous
I’m lovin’ it
Too high
Can’t come down
Losing my head
Spinning ‘round and ‘round
Do you feel me now
With a taste of your lips
I’m on a ride
You're toxic
I'm slipping under
With a taste of a poison paradise
I’m addicted to you
Don’t you know that you’re toxic
And I love what you do
Don’t you know that you’re toxic
It’s getting late
To give you up
I took a sip
From my devil's cup
Slowly
It’s taking over me
Too high
Can’t come down
It’s in the air
And it’s all around
Can you feel me now
With a taste of your lips
I’m on a ride
You're toxic
I'm slipping under
With a taste of a poison paradise
I’m addicted to you
Don’t you know that you’re toxic
And I love what you do
Don’t you know that you’re toxic
Don't you know that you're toxic
With a taste of your lips
I'm on a ride
You're toxic
I'm slipping under
With a taste of a poison paradise
I'm addicted to you
Don't you know that you're toxic
Intoxicate me now
With your lovin' now
I think I'm ready now
I think I'm ready now
Intoxicate me now
With your lovin' now
I think I'm ready now

Dos encontros...


Hoje faz anos o meu querido G.


Aliás, todo o santo mês de Novembro é pautado por aniversários porta sim porta sim, o que me faz pensar que os Pais destes amigos comemoraram bem o Carnaval.


Liguei-lhe logo de manhã. Estava difícil que me atendesse. Ainda pensei que estivesse de férias. Tentei uma última vez para o trabalho e tive medo que me atendessem em galego. Lá me atendeu, com aquela voz inconfundível:


- Tou?

- G?

- Biegas!!!!!!!!!!!!!!

- Vá lá, ainda conheces a minha voz...

- Como é que me poderia esquecer?


Estivemos perto de 3 quartos de hora na palheta. Fez-me recordar as horas que passávamos ao telefone e as décadas de conversa, esquecidos do mundo. E os milhões de mensagens trocadas.


Está feliz. Cheio de trabalho. A estudar à noite. Casado ao fim-de-semana. Está feliz.


Perguntou por mim. Cheia de trabalho. A gostar do desafio. É duro.


- Então e o resto?

- Tenho o coração feito em pedaços, mas o pior já passou.

- Oh, Biegas! Quando é que tu aprendes?


Todo ele é razão. Todo ele tem razão. Garantiu-me que ninguém podia passar a vida inteira a esquecer que tem um cérebro (per)feito para pensar como o meu e que, quer eu quisesse quer não, também eu ia passar a ter cativo no clube da racionalidade, mais dia menos dia. Ñinguém pode passar a vida inteira a perder. É como ser-se do Benfica, troçou.


Ri-me. Sempre soube como elogiar-me. Mas expliquei-lhe que quem mais perde não sou eu. Sentir assim é um privilégio. E não é para todos. Só se abandona assim de si quem conhece a força que tem.


- És tãs teimosa!

- Não, sou é Idealista. E tenho um Sonho, como o outro.

- E qual é?

- Que todas as pessoas sintam só por um dia, a Beleza que cabe no meu Sentir. Estou certa de que nunca mais ninguém ousaria voltar a contentar-se com o que era d'antes.


Ofereceu-me então o ombro. Para a vida.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

W


Nem a propósito do hot topic de hoje, ontem fui ao cinema ver Oliver Stone. Aprecio sobremaneira as visões do realizador e por isso, arrisquei-me à probabilidade de ir ver um conjunto de tristezas pegadas, ou não fosse o filme uma espécie de biografia desse - no mínimo - Senhor da Guerra.


Ia com uma boa expectativa: a minha amiga I já o tinha visto - e devo acrescentar que os nossos gostos para filmes são água e vinho - e confessou que tinha gostado. Achava que era uma visão um tanto ou quanto imparcial.


Imparcial é bom neste caso, pensei, porque, caso fosse enviezada, bastaria assistir a qualquer conferência de imprensa disponibilizada no You Tube e comprovar com os nossos próprios olhos o que já sabiamos há muito: que a inaptência deste senhor é criminosa. Não roça os limites. É.


Mas lá fui eu desafiada (penso eu de que, ou talvez tenha eu desafiado) ver com os meus próprios olhos essa ode à imparcialidade.


Com a barriguinha cheia de farffalle ai legummi della staggione e o espírito animado por meia garrafa de S. Miguel, lá fomos nós basicamente desidratar - alguém, por favor, dimensione a convecção forçada do ar condicionado daquela sala de cinema - durante 131 minutos, mais sete de intervalo.


Não vou contar tudo. Levanto apenas a pontinha do véu para o seguinte: há vários motivos pelos quais a monarquia é falível, um dos quais (se não o menor) tem a ver com hereditariedade desviante. Ora, se eu sou Rei porque a minha linhagem diz que sim, porque ja o meu pai o era, porque esta família é parente de outra que, por sua vez, se enquadrava na classe nobreza vigente, nada me garante que, de facto, tenha verdadeiras capacidades de governar. Até podia ter, dado que o Ser não se resume apenas aos genes herdados, nem apenas à educação, nem tão pouco apenas à personalidade. Mas não tenho. E já o meu pai também não tinha - mas sempre tinha um bocadinho mais que eu.


Golpe do destino, vai que o senhor acaba com o rabinho sentado na sala oval, prova viva que quando se tem estrela na testa vai-se longe.


O filme dá a conhecer ao mundo os dramas pessoais de W (Geo, para a sua inteligente mulher): o crescente desorgulho e desafecto que o Pai lhe dedicava, uma Mãe dura e crua, a dependência do alcoól.
Mas também lhe enfatiza as qualidades. Resumem-se à boa memória e ao bom fígado (que ninguém me tira da cabelça que os loucos anos destravados não vaticinem uma cirrose como motivo mais que válido para uma morte anunciada). Isso ou vai o Bin Laden, solta o Saddam e vêm contentes e felizes atrás dele, com a Interpol e os SS no seu encalço (perdoem-me o momento silly do dia).


Não basta um homem ser intelectualmente incapaz.


Estar à mercê de "conselheiros" motivados por interesses pessoais e pela vacina de crueldade que o mundo todo leva agora assim que nasce, é, sem sombra de dúvida, o congregar de maldições que só podiam dar no que deram: guerra pública e em directo, guerra velada, crise económica, tortura, negligência, ... (e estaria aqui gladly a vida toda, mas tenho que ir ali a um jantar dentro de 3 horinhas), ... .


Condoleezza é retratada como uma Mr. Burns, queixinhas e lambe-botas. Powell, pelo contrário, foi poupado ao escrutínio público da atribuição de dolo na questão Iraque, tendo sido interpretado com um ser dotado de uma visão humanista e sobretudo sensata. Um verdadeiro banana, no fundo. Não sei se engulo essa, mas vá, temos que pensar que é ficção. Como o sangue dos filmes...


E no fundo, W queria mesmo era ter sido quarterback...


...mas porque é que não o deixaram?????????

Dia de eleições

Palavra curta que o tempo urge. Apenas para que fique em acta, que estou por Barack.
Quanto mais não seja por ser preto e ainda por cima descendente de muçulmanos.
Um tõiõiõimpõimtõim na história do país mais quadrado e mais progressista do planeta azul.
PS - No outro dia vi uma imagem num blogue qualquer que me fez rir como há muito não ria: um cartaz com a foto de Obama e as gordas "Vote em branco".

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Peixoto


Um passarinho contou-me que me espreitas aqui com muita regularidade.


Que te identificas com o que escrevo.


Que achas bonita a minha escrita.


Não consigo colocar em palavras a emoção que senti ao sabê-lo.


Acaso sabes que um cantinho do meu coração é só teu?


Mexican Jew


Sábado, dia de anos do meu Ben, o meu cunhado, do nada, convida-me para jantarmos no Domingo. Parece que estava por cá um colega/cliente/parceiro estrangeiro a quem era preciso entreter.


Ao mesmo tempo que pensei "mas eu sou alguma p*t*, ou quê?" respondi-lhe "tá bem". A I antiga em oposição à nova. Pareceu-me que era importante para ele, a minha Irmã ficava feliz, e sempre ia poder exercitar my rusty very british accent. What the hell?


Era quase hora de me virem buscar. Estava eu em completo silêncio no meu sofázinho, com a mantinha pelos joelhos, entretida a escrever o post de ontem, a minha Luna a dormir e a suspirar, mesmo ao alcance dos meus carinhos. Juro-vos que a última coisa que me apetecia ontem era sair de casa.


Obriguei-me a levantar, tomei um duche rápido. Creme, perfume, sombra, rímel, baton, brincos, sapatos, casaco, mala. Espelho. Looking good! Voei no elevador.


A minha Irmã estava linda. Loira de vestido preto é sempre motivo de regozijo. Fomos buscar o Estrangeiro ao hotel. Típico gringo: chega e não oscula ninguém. "Ora vamos lá quebrar aqui o gelo", pensei.


Comecemos pela geografia. Era americano de San Diego, California. Filho de pais mexicanos, passou alguns anos na Cidade do México até regressar de vez a Seattle. Estudou Marketing em Londres e está de momento a trabalhar numa multinacional em Dublin, onde está também a frequentar o seu MBA. Importante será dizer que a Mãe era hippie nos Loucos Anos Sixties.


Passemos à gastronomia. Tacos. Mole. Enchiladas. Cuitlacoche. Guacamole. Burritos. Picante. Contou-me o segredo da spicy food: não é beber que ajuda a acabar com o fogo; comer pão é que é.


Fomos ainda buscar outro colega que já tinha conhecido antes, a sua casa, em plena José Malhoa.


Iamos ao japonês. Outros tempos e eu teria resistido, mas a I-prá-frente-é-que-é-caminho vê oportunidades e não obstáculos. Fui.


Já tinha experimentado aí umas 3 ou 4 vezes. A primeira, pela mão do meu querido D, ao Sakura. He knew his way arround. Pediu tudo sozinho e preocupou-se em pedir também teppanyaki. Gostei, mas a parte do peixe cru sozinho, sem arrozinho para disfarçar, não dá. A segunda vez na Austrália, outra vez teppanyaki. A terceira vez, em casa de amigos, de um take away em Telheiras. Não fiquei apaixonada.


Fomos ao Estado Líquido. Parece que há um sushi lounge no top floor. Passei quase todo o jantar entretida na conversa com o Mexicano. O que mais apreciei foi o facto de ele se ter confessado judeu reformista. É cá uma cultura! Discutimos as principais diferenças entre Cristianismo e Judeísmo, enumerámos as cerimónias. Nós temos 7. Eles têm 3. Se fosse pela quantidade...Eles rezam 3 vezes ao dia. Nós...praguejamos umas 30. Fiquei a saber que as meninas também têm direito ao seu bar mitzvah, mas têm outro nome que, se não estou em erro é "bat miztva". A diferença entre um tê e um érre.


Miso, sushi, sashimi, tempura, wasabi e mais umas especialidades. Vinho branco a acompanhar. Fomos comer a sobremesa noutra freguesia.


Acabámos a noite no apartamento do amigo. Trocei: "pensava que aqui só existiam escritórios e hotéis". É o único edifício habitacional...e pasmem-se, janelas enormérrimas espreitavam a nossa bela cidade. Uma casa onde os bibelots eram vinho e livros de engenharia...


"Bachelor", pensei.


No final da noite é que eu percebi que a música que o meu cunhado queria que eu desse não era ao judeu...


...3ª F tenho um date.


E é nisto que dá sair sem vontade: acabamos por conhecer pessoas interessantérimas e quem sabe, algo mais...


É só para aprendermos que de nada adianta ficar em casa enquanto a vida corre lá fora...