quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Fim-de-semana Prolongado

Sábado, 2 de Fevereiro de 2008


Acordei com frio, semi-destapada. Tinha os ombros completamente enregelados…assim que recuperei a consciência entendi que a roupa que tinha na cama correspondia à última vez que cá tinha estado, ainda em Outubro, com um calor apreciável. Sempre pensei que voltava mais cedo, mas a vida é mesmo assim: imprevisível.

Aproveitei o facto de ter acordado, para roubar o edredão à cama da minha Irmã (há-de ser sempre dela, mesmo que já cá não durma faz tempo) e continuar o sono, desta feita mais quentinha, mas deu-me a espertina. Aproveitei para passar por bluetooth [lá estou eu a tocar com a unha do indicador no meu dente da frente] as fotos e os sons que coleccionei do telemóvel antigo para o novo. A verdade é que o antigo estava a precisar de reforma, mas eu apego-me tanto aos objectos que depois fico mesmo com muita pena de os ter de deixar.

Antes deste, que herdei da minha Irmã, tinha um lindo, branco, comprado por mim a muito custo ainda trabalhava na Consultora. Um mês depois, o raio do telemóvel já custava menos 100€. É assim a vida: resume-se a uma questão de timing. Lembro-me do “xitéx” da compra ser tão grande que, durante uma das secantes aulas da pós-graduação, tirei uma foto do meu colega do lado direito (JF) só pelo prazer de associar ao contacto. Muito nos rimos nós durante aqueles longos meses de trabalho duro. 5 dias por semana, 3 horas por dia, das 18h30 às 21h30 (se não estou em erro), durante um ano lectivo, isto se não contarmos com os 3 meses do trabalho final. Agora acredito mesmo que, por causa das pós e dos mestrados e dos MBA’s, acabem casamentos e namoros a uma taxa alucinante.


Anyway, adorava o telemóvel, tanto que foi testemunha do namoro com um dos colegas da pós, o Estropício nº 3, que atendia pelo nome de SB [sim, há quem coleccione selos, “do not disturb”s de hotéis, isqueiros, filmes… eu cá colecciono estropícios]. JF bem que tentava sucessivas aproximações, umas mais subtis que outras, mas por vezes há pequenos pormenores que excluem à partida um bom candidato. Não ajudava nada o facto de usar meias com personagens da Disney, por mais formal que fosse a sua roupa, por exemplo. Interessei-me, ao invés, por um homem misterioso que se esfumaçava junto do caixote de lixo, sempre vestido até às orelhas com o seu sobretudo azul-escuro e fato escuro por baixo. O JF fazia-me rir tanto quanto SB me intrigava. E onde há fumo há fogo.


O telemóvel branco começou a receber e enviar mensagens, a passar horas infindáveis em conversação, a tocar muito com aquela música horrorosa romena que estava na berra naquele Verão e que tanto o divertia…ai, como é que se chamava a música? A foto, não era da cara dele…era de uma tarde “Dame Blanche”, ou para os mais distraídos, “Quente e Fria” que passámos juntos, apaixonados na praia…era simplesmente a fotografia do mar da Caparica captado num qualquer instante de Novembro…


No último Natal, estava em cima da mesa da cozinha da casa da minha Irmã (o telemóvel banco) e teve o azar de estar perto demais da cena onde se desenformou o pudim de ovos…levou com o caramelo nas teclas. Desde aí, escrever uma sms passou a ser um suplício para as pontas dos meus dedos delicados. Houve também um episódio muito engraçado em que, numa das minhas corridas, o levei para cronometrar um tempo, e coloquei-o num local pouco apropriado onde agora carrego o iPod: entre os seios. Sim, leram bem. Dali não salta para lado nenhum, está suficientemente perto da mão para dar uma espreitadela em momentos de desespero…é o local ideal, até chegar a braçadeira que já devia estar disponível em http://www.apple.pt/, mas que teima em demorar. Só que virei o coitado do telemóvel com o visor contra a pele e ele encheu-se de humidade. Nunca mais foi o mesmo…


Troquei pelo da minha Irmã. Mesmo modelo, only black. Ela agora tem uma máquina fotográfica que também recebe e faz chamadas.


E agora, enchi-me de coragem para comprar o modelo que ando a namorar desde a minha primeira auditoria a uma conhecida operadora de telecomunicações (que não a minha) mas cujo preço desbloqueado era simplesmente exorbitante na altura. Nem pensar em mudar de rede outra vez. Out of the question. Passaram 2 anos. Agora a diferença de preço do terminal entre desbloqueado e associado à rede são apenas 10€. Sorri. Nem tudo na vida tem de ser tão difícil…
LG K800, vulgo, Chocolate…only white! É lindo, o meu “bebé”…


Glossário: em linguagem de IT, terminal é o nome que se dá ao aparelho receptor, vulgo, telemóvel.


Adormeci entretanto. Acordei [tenho o sono leve como uma pena] com a minha Mãe a puxar o estore do quarto dela para cima. Também se tinha deixado dormir. Tomámos o pequeno-almoço juntas no café da esquina e descemos a rua até ao mar. Ela foi comprar peixinho vivo para o nosso almoço e eu, fazer o que mais amo de momento e que me deixa lá nos píncaros da felicidade.

Comecei a uma passada pequena, porque marquei no iPod que o treino iria ser de 10Km…estava com a fezada toda! Estava um daqueles dias de sol encoberto, mas que reflecte no mar os raios. E aquele calçadão é lindo (se nos abstivermos de olhar para a monstruosidade do lado esquerdo)! Fui até onde existe calçada e voltei… passei a Praça, passei a Lota. Nenhum sinal da minha Mãe. Comecei a ver umas obras que descobri agora serem as futuras instalações da doca pesca. Parecia o Afeganistão. Depois encontrei a estrada alcatroada que o liga à minha Praia. Fui pelo passadiço de madeira até onde pude, contornei as ruínas do Nikki Beach e fui dar à Marina. Contornei-a, até ter de parar…já ia em 8 Km, mas depois encontrei um enclave de Optimists a prepararem-se para a regata e não havia como passar, sem ser devagar. OK. Parei. Average pace: 5’45’’/Km. Fiquei feliz.


Depois fui sempre andando até à Praia mais badalada de Vilamoura. Odeio aquela praia no Verão, mas enfim, no Inverno dei-lhe o benefício da dúvida e lá fui eu. Sentei-me no último degrau da pontezinha de madeira. Descalcei os ténis e tirei as meias…Oh, Meu Deus, os meus pezinhos de Princesa com uma bolha em cada pé…moved on… Fiz um daqueles nós nos atacadores dos ténis para poder levá-los aos ombros, como se vê nos filmes…


Ao primeiro toque, parece que a areia arranha os pés, mas depois começa a ser uma massagem revigorante…esgueirei-me até à beira-mar. A espuma cumprimentou-me. Fria, mas o céu para os meus pés massacrados. Depois comecei a habituar-me à temperatura. É espantosa a capacidade que o nosso corpo tem de se habituar às condições mais adversas. E o espírito acompanha. A mente é a última a ir, mas com uma boa dose de inconsciência também se treina. Andei uns bons Kms. Rodava em círculos só para ver o sol reflectir-se na água. Cantei a plenos pulmões a acompanhar a música que passava no iPod: Frou Frou e Imogen Heap…mesmo a calhar.

Juro que, se tivesse tido aquela pontinha de coragem, aquela pontinha de coragem que nos chega num instante de inconsciência, e nos faz, po exemplo, ligar a meio da noite àquele alguém que nos mora cá dentro a cada momento mas para quem nós bem sabemos que já morremos faz muito muito tempo, só para ouvir aquele timbre que ainda nos arrepia o escalpe [mesmo que a desculpa seja um simples e cordial café e que nos arrisquemos a levar um não redondo], ter-me-ia despido e mergulhado de cabeça no mar, tal era a grandeza tamanha da minha felicidade. Eu amo aquele horizonte e mais nenhum. Eu amo aquela calmaria de mar e nenhuma outra. O tom daquele mar. Mar dos seus olhos. Sei de cor cada onda. Cada onda do seu cabelo.


Vim a saber depois que a temperatura rondava os 17ºC, tal como tinha alvitrado.
Amanhã entro…




Domingo, 3 de Fevereiro de 2008





Não entrei coisíssima nenhuma…estava a começar a ficar com os músculos das pernas doridos e decidi give it a break for today.


Obrigações familiares. Uma pequena excursão de 2 lugares ao cemitério de Loulé, onde estão depositados em forma de campa o que resta do corpo da primeira mulher do meu Vô I (MT, se a memória não me falha), do meu Vôzinho, de quem apenas me lembro do seu sorriso franco e da sua incapacidade de conduzir respeitando as regras de trânsito e da minha Querida Vó E.


Todos os santos almoços dos nossos Verões de 3 meses eram passados à mesa dos meus avós paternos, nas Quatro-Estradas. No fim de cada almoço, havia que ir tomar o café fora. Lembro-me que, aos Domingos, o café do costume não estava aberto, por isso tinha de se pegar no carro para ir até à bomba da BP, que fica já na 125. Às vezes, o Vô I oferecia-se para nos levar (à minha Irmã, à minha Vó E e a mim). O Pai disfarçava, mas era sempre preciso levar dois carros e já nos tinha dito de antemão que sempre que fossemos com o Vô de carro era para pôr o cinto. O pior era que a 4L não tinha cintos atrás…


Por falar em 4L, quando tirei a carta, o meu sonho era que o Pai decidisse consertá-la para que eu a pudesse levar para Lisboa e usá-la como o meu primeiro carro, mas ele disse que aquela geringonça não andava há pelo menos 12 anos…e tinha razão. Ninguém lhe tinha pegado desde a morte do Vô. Continuava estacionada, tal qual a tinha deixado antes de lhe dar o AVC, na oficina onde ele passava os seus dias a inventar geringonças (tipo máquinas de depenar galinhas para ajudar a minha Vó na cozinha e motores para barcos de recreio – o primeiro barco de recreio do Algarve foi construído pelas suas prórpias mãos - ou carros de flores para a Batalha das Flores de Loulé – sim, na altura não se falava em Carnaval, mas sim em Batalha das Flores) e na carpintaria. Por isso, o conheciam por Zé Entrudo. O seu nome era I. O pessoal aqui e no Alentejo gosta muito de pôr alcunhas nas pessoas que depois ficam como nome. Não foi o caso. O Vô I casou com a minha Vó E, que também era Viegas de família, pelo que o meu nome vem dos dois.
Acho que herdei o meu espírito inquieto dele. Mas só isso. De resto não tenho, dizem, mais parecença nenhuma. Sou toda Caçadinha (vêem? Mais uma alcunha, desta feita do meu avô materno, Zé Caçadinho).

Da Vó E guardo muito mais coisas que apenas o seu sorriso… guardo a grossura dos seus pulsos e como ela gostava de usar religiosamente o seu relógio de correia negra. Guardo a lembrança dos seus grandes óculos, que eu teimava em manter impecavelmente limpos, gesto esse que continuo a fazer a quem mais amo no mundo. Guardo a recordação de a ir visitar, anos mais tarde, já adolescente com o meu namorado Americano, e de a encontrar invariavelmente deitada na salinha a ver televisão (a mesma que está em minha casa actualmente e que funciona às mil maravilhas, mesmo tendo mais que 15 anos). Lembro-me do cheiro da casa e de como costumava brincar no portão de ferro. Lembro-me de lá ter adoptado o meu primeiro gatinho branco e de ele ter sido colhido por um pastor alemão. Raios partam todos os cães deste mundo! Ainda me lembro de certas expressões que ela usava muito como “o dedo miminho”, o “pexinho”, “ai, esta moça ‘quena”. A Vó E sabia escrever e tudo. Era menina de famílias abastadas. Menina rica, segredava-me a Vó P ao ouvido. Escrevia orações em pequenas folhas de linhas e dava à Mãe para termos sempre no carro: São Cristovão protegia os viajantes.


Lembro-me de como ela pousava os braços na cadeira quando se sentava, de como ela punha a mão para puxar os óculos para cima no nariz, de como ela inclinava a boca no sentido da nossa bochecha para nos cumprimentar com beijinhos, de como enrolava os dedos dos pés dentro dos chinelos no Verão, lembro-me das manchas de velhice nas suas mãos e da sua enorme papada no pescoço. E lembro-me de que sempre usou o cabelo curto e escorrido. Aos 86 anos, apenas tinha uns míseros cabelos brancos nas fontes. Toda a restante cabeleira fininha era escura como a noite. Infelizment, não herdei a sua cabeleira. A minha é igual à da minha Mãe, que por sua vez, é igual à da minha Vó Palmira: farta, crespa, cheia de remoínhos e branca. Lembro-me que nunca a vi de calças nem de pijama. Herdei dela a mania do saco de água quente.


Lembro-me de como ela sempre vinha à porta, fizesse chuva ou fizesse sol, acenar-nos adeus sempre que partíamos. Já nos íamos embora, quando ela “dava de vaia” ao meu Pai para lhe dar um último conselho de Mãe. Elle ficava completamente abespinhado, mas lá abria o vidro sem paciência nenhuma para a ouvir.


Herdei a mobília que o meu avô talhou com amor à minha avó. Uma cama, duas mesinhas de cabeceira, um toucador com um enorme espelho, um roupeiro e uma cómoda. Da sala de jantar, herdei a mesa e as cadeiras e mais duas cristaleiras. Lindas. Um dia, quando Deus quiser, vou restaurá-la. Herdei ainda um par de brincos em ouro branco e brilhantes que Vó E trouxe da Venezuela. Só os uso em ocasiões especiais. A minha Irmã preferiu os redondos simples. No seu casamento, usei os segundos, os preferidos da minha Irmã e ela, por sua vez, usou os da Vó P.


A campa deles está sempre impecável. Tirei a vela gasta do candelabro e acendi uma nova. Cortei as ervas e flores que teimam em crescer na terra à volta. Ajoelhei-me. Pelo sinal da Santa Cruz, livre-nos Deus Nosso Senhor, Dos nossos inimigos, Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ámen. Pai Nosso. Avé Maria. Glória ao Pai. Sinal da Cruz. Minha Mãe e eu éramos as duas únicas pessoas dentro daquele cemitério. Nem vislumbre do coveiro. Era cedo, pensei.


Depois a excursão continuou, mas para o Cemitério de Quarteira. Gaveta do Vó Z. Gaveta da Vó P. Oração prolongada. Gaveta do M. Jazigo do Ti E. Campa da Vó P. 4 gerações de mortos. Oremos ao Senhor e demos Graças por descansarem na Paz do Senhor e por continuarem a olhar por nós, lá de cima. Sobre os Caçadinhos falarei mais adiante, num outro post, num outro dia.


Depois disto, que é sempre extremamente doloroso, desanuviámos com uma ida ao Horto da Fonte Santa. Comprei uma Yuca para a minha sala. Linda. Parece uma palmeira só que não é. E comprei, para substituír a orquídea que assassinei, uma espécie de couve roxa não comestível. Exótica.


Passámos em casa da Prima Lurdes. Colhemos limões e clementinas.

Almoçámos os melhores salmonetes do mundo (o meu peixe predilecto) com saladinha de alface e coentros, batatinha cozida com pele e o belo do pão alentejano a empapar o azeite, mas só por cima da batata. Só os montanheiros (toda a gente criada acima de Loulé) é que cometem o crime de temperar o pexinho.


Ao fim da tarde comecei um dos melhores livros que já li…mas sobre isso falo amanhã.




Segunda, 4 de Fevereiro de 2008




"A História do Amor” de Nicole Krauss

Este livro foi-me apresentado por MT, a minha colega do lado, com uma frase que me deixou com a pulga atrás da orelha: disse-me que este livro continha o nosso tipo de humor, aquelas piadas de que só ela e eu nos rimos. Não lho disse, mas fiquei surpreendida com o facto de este ser um traço de personalidade por ela denotado e apreciado.


Não tenho pretensões de elaborar uma crítica ao livro. Apenas queria aqui deixar ficar umas quantas das minhas frases predilectas e fazer um breve resumo da história. Ah, e enaltecer o belíssimo trabalho do tradutor, Miguel Serras Pereira, cujo trabalho muito admiro.


O resumo: Um velho judeu, com medo de morrer sozinho, enfrenta com um humor muito especial os seus últimos meses de vida, junto ao seu amigo e vizinho de longa data. A história entrelaça-se com outra de uma menina de 14 anos, Alma, cujo nome foi herdado da personagem de um livro que seu falecido e venerado Pai oferecera a sua Mãe e que era o livro do seu amor. Outro mosaico aparece ainda, narrado pelo pequeno irmão de Alma, que julgava ser o novo Messias. E, por fim, outro mosaico narra a história do suposto autor do célebre livro. Esqueci-me apenas de dizer que as histórias cruzam-se e entrelaçam-se em tempos distintos, como se fosse um policial cuja narrativa avança e retrocede.


Comecei-o ao fim do dia,no conforto preguiçosos da minha cama. Li mais um pouco na manhã seguinte, numa cadeira de esplanada enquanto fazia fotosíntese, depois de ter corrido 8 Km. Acabei-o ao pôr do sol, junto à praia.

Passagens predilectas:
«A primeira linguagem que os humanos tiveram foi os gestos. Não havia nada de primitivo nesta língua que brotava das mãos das pessoas, nada que hoje se diga que não pudesse ser dito nesse imenso rol de movimentos possíveis com os ossos finos das mãos e dos dedos. Os gestos eram complexos e subtis, envolvendo uma delicadeza de movimentos que se perdeu completamente desde então.

Durante a Idade do Silêncio, as pessoas comunicavam mais e não menos…»

«…Naturalmente, também havia mal entendidos. Por vezes, um dedo podia ser erguido apenas para coçar o nariz, e no caso de haver contacto visual fortuito com um amante nesse preciso momento, então o nosso amante poderia tomar acidentalmente esse gesto, em tudo idêntico, ao que usaríamos para dizer, Agora percebo que fiz mal em amar-te. Esses mal entendidos eram de partir o coração. No entanto, como as pessoas sabiam como era fácil eeles acontecerem, como não viviam na ilusão de se entenderem perfeitamente umas às outras, estavam habituadas a interromper-se umas às outras para perguntar se tinham entendido bem. Às vezes estes mal entendidos eram até desejáveis, pois davam às pessoas o ensejo de dizer, Desculpa, estava só a coçar o nariz. Claro que sei que fiz bem em amar-te. Devido à frequência destes erros, com o tempo o gesto para pedir perdão evoluiu para uma forma mais simples. O simples gesto de abrir a palma da mão passou a querer dizer: perdoa-me.»

«Morreu sozinho, porque tinha vergonha de telefonar a alguém.
Ou então morreu pensando em Alma.
Ou quando decidiu não o fazer.
Na verdade, não há muito mais a dizer.
Era um grande escritor.
Apaixonou-se.
Foi a sua vida.»

Terça, 5 de Fevereiro de 2008




Acordei com o chilrear dos passarinhos outside my window. Tomei uma enorme taça de cereais, vesti o equipamento e decidi ir correr novamente, desta feita, para a Quinta do Lago.

Tem lá uma ecovia muito engraçada, feita de terra batida, entalada entre a praia e a Ria. Amo aquele sítio de paixão. Mas hoje, como os tornozelos não estavam lá muito finos, corri só 5 Km. Já estava a arrastar-me nos momentos finais da corrida, mas fiz uma boa passada. Encaminhei-me para a velha ponte de madeira que liga o Hotel ao Gigi. Sentei-me no úlitmo degrau de madeira, descalcei os ténis, tirei as meias…Oh, Meu Deus, as bolhas estão enormes!


Enterrei os pés na areia quente, desenlacei a camisola da minha cintura, senti as pingas de suor escorrerem rosto abaixo. Uma família de estrangeiros (loiros) fazia um enorme buraco à beirinha. Caminhei em direcção ao sol, para junto do mar. Molhei os pés na espuma fresca. Hoje seria um bom dia de mergulho, não fosse eu ter um medo terrível de praias não vigiadas. Medo ao mar. Não tive coragem!

Ao invés, depositei-me que nem um fóssil na duna e fiquei ali, deitada em conchinha, virada para o sol…quase adormeci, embalada pelo vai vem inebriante das ondas, tamanha a Paz.

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