segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Milagre


Quantum of Solace


Oh, purfavore, mas o que era aquilo? Uma diarreia mental? Precisavam de dinheiro? Penso que ainda não tinha aqui expressado o meu profundo desagrado pelo facto de terem substituído um canastrão por outro ainda maior.


O papel do Double-O-Seven era suposto ser desempenhado por um homem viril, experiente, educado mas sobretudo sarcástico, altivo, sedutor. That Craig guy, não passa de um colchão de praia. E quem me conhece bem sabe também da minha profunda aversão por homens musculados. E sim, o Daniel é só um colchão de praia: insuflado, vinil-like. Até as perseguições e lutas são mais Rambo-like. Falta-lhe Inuendo. Flair.


Era suposto o nosso Bond não deitar uma pinga de sangue, não suar, enfim ser um Gentleman. Para além do Craig que condiciona todos os meus sentidos, ainda há o pior do filme: o argumento. Já nem a música é boa. Já nem a Bond Girl é breathtaking. 007 sucks.

28 dias


Acabei de ver no AXN um filme, 28 dias (bem sei que um assunto está sequenciado com o outro, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra). Este era um mainstream com a nossa namoradinha dos States, Miss Sandra Berloque. E não é que gostei? Acerca de uma alcoólica num processo de reabilitação. Sem lamechice.

A Minha Primeira Bebedeira


Pois, e por falar em álcool, nada melhor que falar-vos da minha experiência. Ontem, jantar no Paparucha, boa carne, bom vinho, boa companhia. Não, vamos antes recuar um bocadinho.


Pais no Algarve. Fim-de-semana de soltura. Pelo menos d’antes era assim. Convidava os amigos para minha casa, fazia um belo de um jantar. Usava o faqueiro que só se dispõe para as festas de anos. O serviço pintado à mão. E pintado à mão significa duas coisas: nada de máquinas de lavar e morte certa em caso de quebra. Com os Pais fora, fazia tudo o que não devia lá em casa. Depois, eles chegavam e sabiam só de olhar para a toalha na tulha. Nunca me dei ao trabalho de esconder nada. Só não avisava. Já bem bastava o sermão do depois.


Hoje, Pais fora significa que tenho que pensar em todas as minhas refeições e nas horas a que as vou tomar, se é que as vou tomar.

O problema é que o Sair Para a Desbunda estraga todos os nossos horários.Festa de anos de M. Jantar no Paparucha. Estou frita, pensei. Não só estava a chover cumó caraças como tinha acabado de sair do cabeleireiro com aqueles canudos perfeitos. Damn it. Desta feita já não tinha boleia, o que significava que tinha que acontecer um Milagre. O milagre de encontrar um lugar mesmo ao pé do restaurante.


Como de costume, sempre que peço algo aos Senhor Meu Deus, esse algo tende a nunca acontecer. Deus, por favor, não leves a minha Avó. Deus, por favor, nada de ceifar o meu Primo. Deus, por favor, acaba com as discussões entre eles. Deus, por favor, dá-me uma vaga em Medicina. Deus, por favor, make him stop. Deus, por favor, não leves a minha Avó. Deus, por favor, estende os teus braços nos dele e dá-me só um abraço.


Portanto, estacionei em frente à Escola Politécnica. Tinha sapatos de camurça abertos à frente(somehow, camurça e chuva não vão bem juntos), não tenho guarda-chuva, não me apeteceu levar um casaco no mínimo impermeável. Cheguei ao restóran que nem uma Lady. Tirei o meu chapéu da chuva, o rímel estava intacto, soltei os caracóis.


Sentou-se à minha frente o C. O C anda desesperate to get laid. Vê-se a milhas. E tem aquele tipo de gostos que me irrita: dança kizomba, fala espanhol irrepreensivelmente (o que num restaurante argentino mete nojo), é de civil, lê livros de auto-ajuda (eu também, mas não falo disso over dinner com alguém que conheci há dois dias) e deve gostar de AC/DC. Nunca perguntei, mas só pode. Divorciou-se e é Pai de uma menina de apenas 8 meses. Fala imenso da ex.


Epá, desculpem lá, mas acho que o que me irrita mesmo é que ele seja bonito. Irrita-me. Porque é que um homem bonito como ele é tão óbvio? Enfim, mas fartei-me de falar com o meu P, mesmo ali ao lado, a comer comida saudável. E eu, na desbunda da Papa Assada cheia de natonga e da coca-cola. Bebi só um copinho de vinho. Epá, espera lá, a gaja bebeu coca-cola com vinho? Sim, one sip of this one sip of that. Ah, e também havia água.


Acabando o bolo e a romaria ao multibanco fui sentar-me na ponta oposta, junto a ele, A e a SNN. Em 5 minutos percebi que A encontrou a sua cara-metade: SNN dizia que “Ya, o Aya não é assim tão fixe, curto mais o do Picoas”.


Feitos um para o outro. O melhor é apressar-me para comprar o vestido para o casamento. Para picar, disse a A que tinha a prenda da B e que me tinha esquecido de lha entregar no outro fim-de-semana em que estivemos todos juntos. SNN não foi. Quer-me cá parecer que ya, ela curte bué do A mas a B vem no pacote e essa parte, ela já não curte. Mas ele lembrou-se de me picar também:
- Então, quando é que vamos ao tal japonês?
(Deixa-me cá lançar a escada.)


- Prá semana!
(Eilá, coragem! Chama-se a isto pegar o touro pelos cornos!)


- Não tou cá na próxima semana.
(Não estou a fazer-me de difícil, mas não posso mesmo.)


- Quando puderes então.
(Temos-a-vida-toda-pela-frente approach.)


Depois, pezinho de dança. Tinha ido de táxi, pelo que segurou o garda-chuva que cravei a A até ao meu carro. Lá fomos em amena cavaqueira para o Twins. Ui. Música anos 80 e depois, mais lá para as 5 da manhã, martelada comercial. Passou Fragma. Lembrei-me do cd que D me gravou com um Mix de músicas que o faziam lembrar-se de mim. Aquele cd foi tudo o que tive durante 3 anos. Isso e uma carta. E reza assim:


If you're gonna save the day

And you're hearin' what I say

I feel your touch

Your kiss, it's not enough


And if you believe in me

Don't think my love's not for real

I won't take nothin' less then a deeper love


Let me tell you

You, no I,

I need a miracle

I need a miracle

It's more physical than

What I need to feel from you


Tell me that you understand

And you'll take me as I am

You'll always be the one to give me everything

Just when I thought no one cared

You're the answer to my prayer

You lift my spirits high

Come on and rescue me



Bebi uma caipiroska. Outra cola. Os pés doíam. Time to go. Queríamos enfiar R num táxi, depois de 2 copos partidos no chão. Há pessoas que não sabem mesmo beber. Pior é quando estas pessoas conhecem alguém que serve bebidas no bar. Aí é que o caldo se entorna.


Enfim sós, percebi pelo andar que ele estava tocado, but didn’t quite understand the extent of the damage. Trocava levemente o passo e gozava consigo mesmo. Fomos conversando até sua casa, duelo Nova-Técnico, ele a desculpar-se por ser a senhora a levá-lo a casa e não o contrário, porque nem ficava de caminho. Senti que ele estava verdadeiramente preocupado com o incómodo que me causava (que na realidade não era nenhum). Pedi que me desse um toque quando chegasse a sua casa. Fez ainda melhor que isso.


Hoje acordo com uma sms. Tomei o pequeno-almoço. Arrumei. Limpei. Esfreguei. Fui ao supermercado. Voltei. Pus-me a ver filmes. Uma fome descomunal apodera-se de mim.


Enquanto cozinhava, lembrei-me de pôr um som e beber um copo de vinho. Bebi dois copos generosos: um com a entrada e outro com o prato principal. Aterrei no sofá, atordoada. Fechei os olhos e tudo à minha volta rodava. Abri. Um torpor nos membros, uma sensação de relaxamento profundo. Vontade de rir. Pensei, so that’s what I’ve been missinng. E gostei. Fechei os olhos mais uma vez e, tarán, náusea. Resultado: não retive o jantar. Adormeci. Parecia-me tudo uma Twilight Zone.


Ao menos já sei a minha conta: menos de metade de uma garrafa, caso esteja de estômago vazio.



E querida AF, nada de mandar mail a gozar com o clone. Aqui a siamesa também tem direito à vida...

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