domingo, 11 de janeiro de 2009

Primeira Vez


Ontem, cheguei cedo à festa do C (o tal que é irritantemente bonito) e como não tinha comprado presente, decidi passar ainda pelo CC Campo Pequeno.


Fui. Estacionei. Criei estalactites no nariz durante o curto trajecto até lá. O caminho mais curto era de elevador. Desci. Dirigi-me à Bertrand, comprei-lhe "A Histótia do Amor" (já tive oportunidade de escrever neste mui nobre blogue a minha review sobre este livro) porque não havia nada do Gonçalo M. Tavares.


Quis fugir a sete pés dos livros de auto-ajuda (é a única coisa que ele lê these days). Pareceu-me boa ideia que lesse uma história simples e humorística.


Subi pelo mesmo elevador que desci. Só que, desta vez, ouve-se mesmo a engrenagem parar entre o Piso 0 e o Piso 1. Carreguei no botão do -1 a ver o que é que acontecia. Nada. Premi o botão de emergência. Atendem-me lá do outro lado, num tom de quem não está nada em emergência e até já corriqueiro. Expliquei a situação. Pediram que aguardasse. Foi o que fiz, calmamente encostada. Quem conhece o local sabe que os elevadores são panorâmicos. Os transeuntes passavam e olhavam com estranheza, mas nenhum se serviu de gestos para me perguntar "Coffee, Tea, Me?". Senti-me como Elefante em Zoo.


Pensei "Talvez seja a minha oportunidade de ouro para fazer um stripzinho...". Look but don't touch.


Passaram 2 minutos e lá desceram o elevador ao -3, onde me aguardavam com algum enfado. Pedi desculpa pelo incómodo, em tom sarcástico. E não é que me responderam "Pronto, agora só tem de subir ao primeiro piso". Os meus olhos lançaram the killing look that's written all over "Vai mas é".


Meus senhores, quando uma sinapse minha resulta em "Vai mas é" é porque o caldo está completamente entornado.


"Vai mas é" é a expressão abreviada de uma asneira grosseirona sem par comummente proferida pela adolescente benzoca-rebelde da outra turma de ciências da minha escola secundária, a Rita Wengorovius. Na realidade, ela dizia a quem lhe despenteasse um mísero cabelo VAI MAS É MAMAR UM GANDA C*R*LHÃO.


O Núcleo Duro, como nos chamavam, achava tanta piada à expressão (pela brutalidade) que passou a abreviá-la para um corriqueiro "Vai mas é".


Desde que fui concebida, que todos os dias da minha vida subo e desco de elevador. 31 anos depois, é a primeira vez que fico encravada num elevador.


Ao menos se tivesse companhia...

1 Paradigma(s) do Outro:

Anónimo disse...

O que tu queres sei eu pá...