Férias da Páscoa
Em tempos idos, as tão esperadas Férias da Páscoa significavam para mim os primeiros dias de praia do ano, os quilos de chocolate que os meus Padrinhos me ofereciam, o partilhar o pão alentejano com a minha família, as ervilhas com ovos [escalfados] no Domingo de Páscoa...
Enfim, duas das melhores semanas do ano. E depois, o início do 3º período, para fazer o sprint final do "trabalhar para a média". Sempre fui muito moderna: gestão por objectivos!
Este ano, passei a Páscoa mais atípica, se não vejamos:
* Sim senhor, fui para o Algarve com os meus Pais, tal qual quando era adolescente: no banco do pendura (que eu enjoo a menos que vá a conduzir), a ouvir música e a não ligar nenhuma à conversa dos crescidos;
* Em chegando lá, arrumei a parca bagagem que levei no meu quarto de duas camas de solteiro, li duas páginas do "Kafka à beira-mar" de Haruki Murakami (by the way, ando a descobrir um gosto que nunca pensei que viesse a ter pela cultura nipónica) já devidamente instalada no interior do meu paraíso (a cama do Algarve) e enveredei por uma noite de sono vazio de sonhos (coisa rara e nunca antes vista em mim, mas o que é que querem? A pdi muda tudo)...
* Acordei com ganas de ir correr, mas estava um calor tão grande que, a menos que eu estivesse com vontade de passar um diazinho a hidratar no Centro de Saúde de Loulé com NaCl (soro, para os menos "científicos"), o melhor era fazer apenas um passeiozinho à beira-mar e aproveitar a magia do sol...
* Ah, mas antes disso, fui com os Papás tomar o pequeno-almoço à Beira-Mar (a melhor pastelaria do mundo e arredores). O melhor croissant com queijo do planeta e a melhor meia-de-leite da Via Láctea. Eis se não quando a minha Prima R gravidíssima e seus respectivos marido R e filho V nos encontram. Vinham ao mesmo que nós... Uma surpresa! Anos houve em que a primeira que acordasse ia acordar a outra e tomávamos o pequeno-almoço juntas, R e eu, mas ou na cozinha dos meus Tios ou na nossa, todas desgrenhadas, de pijama e doidas para pôr a escrita em dia. Depois iamos brincar ou, mais tarde, despachar para ir à praia estrear os bikinis novos...
* A família resumiu-se a nós os 3. A Mana optou por descansar em Lisboa e eu bem compreendo a logística que é preciso para levar marido e filhos para uma casa que não foi pensada de todo para albergar crianças...
* Passei muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito tempo a ler. É tão bom! Chamo-lhe a Entremeada: duas horinhas de leitura, meia horinha de sesta, deitada na cama da Mana que apanha aquele solinho toda a santa tarde...
* Finalmente, acabou a minha quaresma à míngua de chocolate e carne. Devo confessar que a carne é que me custou. Há dias em que estamos tão, mas tão, mas tão em baixo, que só um belo de um bife com molhanga e batatonga fritti fritti fritti (Benini, in La Vita è bella) nos conseguiria levantar a moral... Para não falar no chocolate: ver passr à minha frente bolo chiffon de chocolate, chegar à Portela e não poder ir a Centro comer o belo do croissant demolhado em chocolate, chegar a casa e olhar para a tabelete de chocolate que ainda vai a meio (miminho que voou gentilmente da Suiça e que só não se derreteu porque a noite foi demasiado curta para que pudesse saborear todos os prazereres de uma volta tão desejada)...
* Mas pronto, agora já passou! Fi-lo no maior fervor da minha Fé. Só Ele sabe o que me custou, a privação, a penitência. Hoje sinto-me capaz de qualquer outro desafio. Ele sabe que estou à altura. Come what may...
* O caminho de regresso não se pautou por 500 mil km de bicha, como se vaticinava. Fomos sempre pela estrada antiga, entrando na A2 apenas em Pegões. O sucesso de tal manobra, poupou-nos a 12 km de fila e 15€ de portagem. A velocidade média? 100 Km/h...nada mal para estrada... Ah, sem falar na belíssima sande de carne assada do Canal Caveira (o melhor cozido à portuguesa do Universo)...
* Hoje, cá estou, sentada na minha janela sobre a Junqueira, à espera que as sementes que tenho plantado germinem por fim, para o tão merecido sucesso...
Mas porque é que tenho que esperar tanto?
1 Paradigma(s) do Outro:
Chego a meio deste post e leio: “...chegar à Portela e não poder ir a Centro comer o belo do croissant demolhado em chocolate...”
Esses só podem ser os croissants da Tarik, julgo ser este o nome da pastelaria! Eu sempre preferi os de doce de ovo, mas de vez em quando lá me sujava todo com um de chocolate. MARAVILHOSOS! Quando quentinhos acabadinhos de fazer...huuummm... só de pensar já estou a salivar! Ora ai está! tenho de arranjar maneira de lá dar um pulinho para saciar saudades!
Na minha adolescência morei nos Olivais e fui aluno em duas escolas da Portela, a Gaspar Correia e depois a Vasco da Gama. Quando aluno nesta última, mesmo colada ao centro, muito tempo passei nos corredores desse centro comercial. Confesso mesmo que muita porcaria, própia de putos, fiz eu nesse centro. Daí eu os conhecer!
Agora pergunto-me como é que tu conheces estes croissants?!
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