Bem, postas assim as coisas, anyone!
Mesmo que não se seja muito ambicioso, como é o meu caso, a ideia de poder passar umas férias durante um ano sempre à procura do Verão nos pontos mais recônditos deste planeta faz-me sorrir.
And yet, não jogo no euromilhões vai para mais de 3 meses, pelo que a probabilidade de vir a ser milionária decresce para um num zilião.
E perguntam vocês e bem: então e a riqueza interior, não conta?
Ah bom, dessa tenho eu para dar e vender! Conta, sim senhor.
Há uma riqueza da qual não tenho falado muito ultimamente. Talvez porque tenha enchido os bolsos dela nos últimos tempos. Sinto-me como o camelo quando vê oásis e desata a beber água como se não houvesse outro oásis num espaço de duas semanas onde pudesse ressarcir a sua sede.
Falo da riqueza impagável de "ter" um homem, ou melhor, um Homem, com tudo o que isso traz de bom. Por enquanto, nenhuma desvantagem. Bonito, cheiroso, bem falante, boa pessoa, abnegado, bem disposto, disponível física e emocionalmente e, a cereja no topo do bolo, um homem que acredita na Fidelidade e no Amor. Já vos disse que a cereja é o meu fruto preferido? Logo a seguir está o morango e o figo e, só depois, a laranja, para desgosto do meu Pai e gáudio da minha Mãe (que adora que eu adore figos para poder desculpar-se comigo quando, na realidade, foi ela quem azcabou com eles).
Bom, perante esta montanha de tesouro, uma pessoa sente-se naturalmente overwhelmed.
- Minhá nóssá, tudo isso? - perguntamos - só prá mim?
E diz Deus, sentadinho no seu trono com o cotovelo apoiado no braço da cadeira e um ar de aborrecimento:
- Sim, querida, só prá você!
E nós (plural majestático que representa o meu coeficiente de cagaço e Eu), temos medo. Muito medo. Medo de não estarmos a ver bem a coisa. Medo de perdermos este estado de graça. Medo de descobrirmos que, afinal, não há estado de graça nenhum.
O mais engraçado nesse medo conjugado com a nossa experiência de vida, é que já não nos impede de dar um passo em falso, de nos atirarmos do abismo sem páraquedas. Tateamos o futuro e entramos de fininho. Se correr mal, ter-nos-emos sempre a nós mesmos.
Tenho medo, sim, mas nunca hei-de fugir do Bom por conhecer.
E por isso, de mão dada com o futuro, desafiei-o para sermos ambos milionários durante 119 minutos, num cine teatro perto de si.
Rimos, contivémo-nos, sofremos e adorámos o filme.
Lathika e Jamal, um amor de crianças que perdurou.
Há pessoas que merecem mais ser Ricas do que outras. E Jamal, por ser infinitamente bom, merece-o do princípio ao fim.
Não creio que venha a ser um vencedor na noite dos óscares (exceptuando-se na banda sonora, para mim, fabulosa), mas também, os óscares valem mesmo para quê?