quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Minha Amiga C


- Preciso de ir às compras...

- A que horas e onde?


Cheguei mais cedo e fui fazer tempo à Fnac. De facto, não haverá sítio melhor no mundo para empatar que o mundo dos gadgets, dos filmes e da música.


Primeiro, fui ver se havia um dispositivo bluetooth (e quem me conhece sabe bem que não consigo dizer "bluetooth" sem apontar para o meu dente da frente com a unha do dedo indicador) para ligar ao Desktop do trabalho e sincronizar a informação com o meu bruised and battered mobile.


Depois pensei que não era boa ideia, não pelo preço, mas porque o meu laptop está mesmo a caminho e esse, tem tudo e um par de botas, como se costuma dizer.


Depois, fui ver se havia um carregador de ficha para o meu iPod. Havia. Mas, mais uma vez, o PC vem a caminho. There's no need.


Passando a secção dos gadgets, há a dos filmes. Oh mon dieu de la france, é de perder a cabeça. Andei lá à procura de uns quantos para acrescentar à minha colecção, mas não havia. Como diz a minha querida C "damn it".


Eis que sinto uma vibração no bolso. Estava lá fora à minha espera. Fui dar com ela de costas, agarrada ao varão. Típico. Mal a conheci. Cabelo esticado, blusão de ganga, mas claro, as botas de salto do costume. Fazem-me pensar que tenho um gene feminino deficiente, porque quando vou às compras a última coisa que me apetece é que os pés me doam. Ia de ténis.


Como sempre, a C não comia nada desde o almoço. Típico. Assumi o meu tom maternal e disse-lhe "Mas TENS de comer!!!". Assentiu, obediente. Mas antes fomos ver umas quantas lojas que ficavam pelo caminho. Apetecia-lhe chinês. Ora chinês não temos. Fomos ao mais parecido. Uma rapariga ajudava os clientes da fila a escolher. Precisava mesmo de falar, porque não se calou durante uns bons 10 minutos. E a C a dar-lhe conversa. Desliguei. Foquei a minha atenção na loira que estava à minha frente na fila, a dar-me encontrões com a sua mala da moda (que mais parecia de viagem). Fico irritada quando me encalham com a mala ou implicam com a minha ou se furam demasiado a minha bolha. Body space. Pediu-me desculpa. Vá lá. Loira mas educada. Reparei depois num "megagiraço" que estava mais afastado a olhar para os pratos. Claro. Namorado da loira. Não se estragam duas casas.


Enquanto estavamos na fila e a C me contava os pormenores do seu dia de trabalho, pedimos um Noodles Mix e eu, para variar, o mais arrojado Pad Thai. O sumo, esse foi igual para as duas: banana-laranja. Maravilhoso.


Fomos sentar-nos. Mesa alta. Rimos. Comemos pouco. Discutimos ideias tão opostas que quase se tocavam. Ela precisava de falar. Eu precisava de ouvir. Engraçado. Não consigo ouvir simplesmente sem fazer analogias com as minhas histórias. Chama-se a isso escuta activa. A minha é mesmo hiperactiva. Foram horas de muita partilha. Afinal, precisava eu de falar e ela de ouvir. Compreende-me e não me julga. Não concorda comigo quase nunca em quase nada. Escandaliza-se com as minhas verdades. Mas o respeito que temos pelas ideias da outra, faz-nos ir mais longe no caminho da amizade.


Adoro ouvi-la falar. Diverte-me. Emociona-me. Toca-me. Mas o que eu gosto mais é do que ela diz com o olhar. Com as mãos. Com o nariz. E o sorriso.


Pensei que o meu momento do dia acontecesse assim que chegasse ao quentinho do meu sofá, mas enganei-me...


...o que me aqueceu ontem foste tu...

1 Paradigma(s) do Outro:

Anónimo disse...

o primeiro beijo dá-se com os olhos e não com os lábios

Fiquei apaixonado pelos olhos da tua amiga C