Um azar nunca vem só...
Praia da Comporta, Domingo. À pinha. Estacionámos o carro na estrada que vai para Tróia. À vinda, um estupor decidiu fazer-nos comer pó, rodando os pneus do seu Matiz com vigor na terra batida.
Como se isso não bastasse, tinha acabado com a garrafa de litro e meio de água e estava, como direi, aflitinha para ir à casa de banho. "Não te preocupes", diziam elas, "que à entrada da autoestrada há logo ali uma bomba". Mas em chegando ao começo da autoestrada a placa dizia 10 km...e eu tive mesmo de parar na berma, com os 4 piscas ligados.
Foi a risota total. Pedi-lhes desculpa pelo sucedido, but one's gotta do what one's gotta do. Meto-me novamente à estrada, fazendo o pisca e vendo se a faixa estava desimpedida. Estava.
Íamos nós ainda a gozar com o sucedido, eis se não quando, pela visão periférica, vejo um carro à minha esquerda, aproximando-se perigosamente da minha porta. Pensei "será que deixei o porta-bagagens aberto?". Vai de olhar para o retrovisor. Tudo ok.
Olhei. Era um homem gesticulando ferozmente e abalroando-me sucessivamente para a berma, abalroanços esses dos quais me safei com uma valente guinada à direita, até que me ultrapapssou e começou a travar perigosamente à minha frente, fazendo com que todos os carros atrás de mim abrandassem, colocassem os 4 piscas e apitassem.
Ultrapassei-o, mas ele seguiu-me mais uma vez e colocou-se à minha frente novamente a travar, enquanto fazia gestos que prometiam um valente enxerto de porrada. A sua mulher fazia gestos para o acalmar. Reparámos que iam duas crianças no banco de trás. Os meus institntos falaram mais alto. De repente, meti o pisca para a direita e parei, enquanto ele seguia em frente, danado. Esperámos aí uns 5 minutos.
Voltei à estrada e muito mais à frente lá estava ele a andar muito devagarinho, provavelmente à minha espera. Não deu pela minha ultrapassagem completamente incógnita entre dois carros discretos.
Chamámos a polícia pelo telefone. Disseram-nos que não podiam fazer nada enquanto não ocorresse qualquer coisa mais extraordinária. Tipo morrermos todos (nós, as 3 miúdas, e mais a família dele) na autoestrada, à mercê de um cabrão de mal com a vida. Podíamos, no entanto, apresentar queixa.
Assim que chegámos, dirigimo-nos à Superesquadra da Alta de Lisboa. Muito solicitos, os PSP iam tomar nota, mas antes, a minha advogada privativa disse-me que o animal iria ter acesso ao processo e, com isso, aos meus dados. Trata-se, claramente, de um desequilibrado que ainda poderia colocar a minha vida em risco. E depois, se ele arranjasse o argumento certo e algumas testemunhas, nada ficaria provado e estaria eu a perder anos de vida, em nome do civismo.
Nada que eu pudesse inadvertidamente ter feito justifica a animalidade de que fui (fomos) vítima(s).
Tenho 6 meses para me queixar. Não sei se o farei. O meu sentido de dever diz que sim. O meu sentido de auto-protecção diz que não.
PS - Se ele fosse meu marido, já eu estaria inscrita num daqueles programas que acolhem mulheres maltratadas.
2 Paradigma(s) do Outro:
...
Podias Ó-menos contar as partes divertidas da coisa... Em que ele nos chamou "aqueles nomes" gritando desesperadamente pela janela do carro e nós sussurrámos "E ainda não viste nada..."
"And for $75 the wife can watch..."
Infelizmente o melhor é passar à frente. Sei por experiència própria que a estes estupores não lhe(s) acontece(s) mais do que uma reprimenda e... perdemos tempo e anos de vida!
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