A Toutes les Gloires de La France
Lisboa é muito bonita. É. Não viveria noutro sítio no mundo. Mentirinha. Viveria, mas poucos aninhos que eu cá sinto muita falta da minha família.
Mas lá tem comparação com Paris? Claro que não.
Em Paris, planície, há bicicletas (até o nome em francês tem mais piada: vélos) que podemos apanhar em qualquer ponto e deixar em qualquer ponto mediante o seu aluguer barato.
Em Lisboa, há 7 colinas que impedem o comum dos mortais de se lançar a essa aventura, para não falar da inexistência dos "corredores verdes" por toda a cidade.
Em Paris, há excelentes restaurantes que funcionam todo o dia e noite. E os empregados são simpáticos a qualquer hora do dia. Ou mesmo da noite.
Em Lisboa, para além do "Fechado" a partir das 23h30, caso esteja aberto, ainda temos de levar com as trombas todos-me-devem-ninguém-me-paga do coitado do empregado mal remunerado que não tem gosto nem formação nenhuma para ali estar.
Em Paris, as esplanadas estão à pinha.
Em Lisboa, com este sol que nos inunda e aquece, as poucas esplanadas que existem e que têm ordem do Papa para assentar arraiais, são povoadas de facto, mas aos fim-de-semana. Durante a semana, ninguém pára para bebericar um copo de vinho do Douro, para degustar um queijinho da serra ou mesmo para relaxar, enquanto se delicia na companhia de um bom amigo, ai desculpem, livro.
Em Paris, as casas, hotéis, restaurantes mais inusitados têm gosto. Ou melhor, quem tem gosto são os seus donos. Gosto na decoração, na produção de ambientes, na identidade nacional do bem-receber ou do reparem como sou melhor. Estão bem enquadrados com o local onde estão inseridos. Até os prédios mais modernos correspondem à traça.
Em Lisboa, há gosto em não fazer coisas típicas. Em fugir do kitsh e do popularucho. Agora aposta-se no design impessoal. Tudo branco com apontamento de côr semeado aqui ou ali.
Em Paris, assisti eu a um pique-nique em plena Place de La Concorde, com milhares de pessoas jovens, homens e mulheres, que carregavam mesas, cadeiras e cestinhos, vestidos de branco dos pés à cabeça.
Em Lisboa, as "mánifes" são coordenadas por insatisfeitos sem ordem.
Em França, o ordenado mínimo são 1300€.
Em Portugal, o ordenado mínimo são 4oo e tal.
Pois, mas não tem necessariamente de ser por aí a diferença.
Em França, todos os cuidados médicos são gratuitos para quem desconta (excluindo a taxa moderadora de euro e tal).
Em Portugal...bom, esqueçam a matéria da saúde.
Em Paris, todos os edifícios estão bem conservados. Há gosto em morar-se na cidade (haja dinheiro também). Todo o recanto tem história, carisma. As pessoas aproveitam o ar que se respira. Têm joie de vivre.
Em Lisboa, os afortunados que se sentam na esplanada ou estão reformados ou são desempregados. Quem trabalha tem que se autoflagelar com jornadas de 11h para mostrar ao patrão que se é esforçado, que se veste a camisola.
Em França, tudo é grandioso. Cada castelo, mesmo privado, foi mantido aberto ao público. Faz parte da história e merece reverência.
Em Portugal, tudo está aos caídos, excepto as excepções, passo o pleonasmo. E logo nós, que conquistámos meio mundo.
A diferença que faz ter Orgulho ou não ter.
0 Paradigma(s) do Outro:
Enviar um comentário