quinta-feira, 18 de junho de 2009

O Sole Mio

Sou uma pessoa saudosista por natureza. Sinto saudades de familiares que já não estão entre nós, de amizades que se dissiparam, mas que são um pilar na construção da minha existência, das férias de 3 meses no Algarve. De tantas outras coisas.
Mas esta Saudade de que vos falo é mais profunda. É uma saudade que me nasce no peito sempre que te vais embora. E ainda estás comigo. Tenho pena de adormecer por saber que vou sentir saudade tua durante o nosso sono. E quando cá não estás, tenho vontade de correr a ir ter contigo. Onde quer que tu estejas. Mandar tudo às urtigas e ser Tua.
Sei que tenho de ficar. Sei que tens de ir. Também sei que não queres e que o teu sentido de dever é tão apurado quanto o meu. O sacerdócio do nosso trabalho assim obriga.
Tenho vontade de chorar quando, no rebuliço da manhã, em que me levantei atrasada e de mau humor (porque não estás comigo), recebo uma sms tua que me confessa ao olho, mas que rapidamente passa a sussurro no meu ouvido:
"Bom dia, Amor! Tá um dia lindo e só me apatece dar-te carinho e mimo durante todo o dia. Vou fugir para aí, onde andas? Beijo doce"
E lembro-me que sou Tua antes de ser do Mundo. Que é a ti que te devo o Despertar. Que é por Ti que me levanto. Que é Contigo que me deito. Que são so Teus Braços que me reconfortam do frio e do cansaço. Que é a Luz do teu Amor que me bronzeia o Espírito.
Fazes-me sentir única, especial. Todos os dias. A cada momento.
Não pela Palavra.
Não pelos Sentidos.
Mas Pela Alma.
Sim, tu conheces o Caminho. Aqui dispensas o gps.
Falas-me ao coração com o teu olhar risonho. E olhas com tanta Graça.
Olhas para o lago em Versailles e saltas para um barco a remos, porque instintivamente sabes que era nisso que pensava, e começas a cantar O Sole Mio a plenos pulmões, envergonhando os outros homens por não terem a coragem (eles próprios o afirmaram). E cantas com tanta Graça.
No meio de um cruzeiro-jantar sobre o Sena, levantas-te, arredas-me a cadeira e pegas com cuidado na minha mão para me conduzires à pista de dança. E danças com tanta Graça.
Abrigados no mesmo guarda-chuva, seleccionas uma composição dos jardins de Villandry para ilustrar o teu amor por mim: a do Amor Terno. E explicas-te com tanta Graça.
Levas-me a jantar à Opéra, um jantar que, como outros tantos, jamais esquecerei, e seleccionas uma terrina de Mariscos maior que a mesa. Tudo a que tivémos direito: três tipos de ostras, caracol do mar, búzio, mexilhão, sapateira, santola, lavagante. Já falei na melhor sobremesa de morangos de sempre? E comes com tanta Graça.
Adormeces a respirar no meu pescoço, colado a mim, como se a qualquer momento eu pudesse fugir-te, e sinto o teu corpo relaxar a cada expiração. É aqui que começa a saudade da tua Graça. E da Graça que Deus me concede em ver-te acordado ou a dormir.
Tu nem sentes, mas acordo a meio da noite e passo horas psicológicas em contemplação, velando o teu sono para que nada o possa perturbar. Quando o meu corpo acusa cansaço, pego na tua mão quente debaixo dos lençóis e ela responde, agarrando com firmeza na minha sem que tu, no entanto, pareças ter acordado. E suspiras com tanta Graça.
Quero-te ao meu lado para a Vida. Não há nada que não faça para cumprir este meu propósito.




Che bella cosa e' na giornata 'e sole
n'aria serena doppo na tempesta!
Pe' ll'aria fresca pare già na festa
Che bella cosa e' na giornata 'e sole
Ma n'atu sole,
cchiù bello, oje ne'
'O sole mio
sta 'nfronte a te!
'O sole, 'o sole mio
sta 'nfronte a te!
sta 'nfronte a te!
Quanno fa notte e 'o sole se ne scenne,
me vene quase 'na malincunia;
sotto 'a fenesta toia restarria
quanno fa notte e 'o sole se ne scenne.
Ma n'atu sole,
cchiù bello, oje ne'
'O sole mio
sta 'nfronte a te!
'O sole, 'o sole mio
sta 'nfronte a te!
sta 'nfronte a te!
Traduzindo...

What a beautiful thing is a sunny day,
The air is serene after a storm
The air's so fresh that it already feels like a celebration
What a beautiful thing is a sunny day
But another sun,
that's brighter still
It's my own sun
that's upon your face!
The sun, my own sun
It's upon your face!
It's upon your face!
When night comes and the sun has gone down,
I almost start feeling melancholy;
I'd stay below your window
When night comes and the sun has gone down.
But another sun,
that's brighter still
It's my own sun
that's upon your face!
The sun, my own sun
It's upon your face!
It's upon your face!

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