sábado, 14 de março de 2009

Infecção Respiratória Superior


Hoje, sexta-feira treze, não podia ter um dia mais azarado. Na realidade, penso mesmo que estou em maré de azar, e passo a explicar: há cerca de duas semanas fiz uma surpresa ao meu Al e cozinhei para ele uma tarde inteira. Ele achava que me vinha buscar para irmos jantar fora. Sem me dizer nada, tinha reservado a melhor mesa de um restaurante hiper romântico e tudo. Quando ele chegou aqui abaixo à minha porta, fiz o número da fútil que se atrasou e ainda não está arranjada. Pedi-lhe que subisse. Assentiu sem protesto.


Disfarçou quando viu a mesa posta. Comemos ao som do tilintar de um copo generoso, de uma música boa a escorrer-nos cílios adentro. Por altura da sobremesa, já eu estava cheia de arrepios, mal toquei na comida. E estava a sentir-me realmente estranha (como quem treme do nervoso), mas de nada me queixei. Passámos ao Fumoir, para terminarmos uma conversa que nunca acaba.

Quando ele saiu, deixei-me ficar uns tempos no tapete frente ao aquecedor que me queimava a pele. Deitei-me na cama com o arsenal de combate ao frio: sacos de água quente e duas mantinhas de viagem por cima do edredão de Inverno. E tinha frio. Nesse momento percebi que ardia em febre. Só não sabia quanta, dado que ainda não tinha adquirido nenhum termómetro para os meus aposentos.


Passei a noite a caminho da casa de banho entre suores frios. No dia seguinte tive de faltar ao trabalho novo pela primeira vez, porque não conseguia suster-me em pé. Passei a semana toda a recuperar. Como se isto não bastasse, na segunda-feira seguinte tinha tanto calor que inaugurei o AC do carro a caminho de Estremoz. Estava a saber-me bem...


Adoeci. Achava eu que estava com gripe. Passei uma semana a automedicar-me com Cêgripes mas a febre voltava sempre ao final do dia. Desisti de ter a mania que não era nada e na sexta-feira de manhã dirigi-me às Urgências do CUF Descobertas.


Fui prontamente "triada" por uma enfermeira novinha, loirinha e com aparelhinho nos dentes e ganhei uma pulseira verde. Não esperava que me chamassem tão cedo, passada que estava a leitura do Diário Económico.


O médico, um morenaço acabadinho de chegar de férias. A paciente, a última do turno. Recebeu-me com aquele sorriso de dandy mas eu estava tão desorientada que mal lhe achei piada. Estava virado de costas para mim e de frente para o computador e perguntou-me:


- De que se queixa?

- [e eu nada, aguardando pacientemente que ele se virasse para mim para começar a desbobinar]

- [virou-se passados uns segundos que pareceram uma eternidade]

- Febre baixa, tosse seca, afonia

- Dispa-se! - enfiando-me a espátula boca adentro


Estava de soutien em pé, de costas para ele, que começou a auscultar-me. Embirrou com o soutien e pediu-me que o tirasse. Já fui auscultada aos pulmões quase tantas vezes quantas as velas do meu bolo de aniversário e nunca, repito, NUNCA nenhum médico me pediu para tirar o soutien.


Tirei e encarei-o. Tinha um ar de gozo. E eu pus o meu. Terminou de me observar e começou a escrevinhar nas receitas.


- Uma gripe comum - atirei

- Não, nada disso, uma infecção respiratória alta!

- Alta?? Como alta?

- Então, aparelho respiratório alto e baixo...

- Ah, quer dizer superior?

- Alto - teimou


Não sei o que ensinam lá na faculdade de medicina, mas não é a ter boas maneiras, de certezinha absoluta... dá Deus nozes a quem nunca poderá ter dentes...


PS - Depois de gastar 70€ em medicamentos, passados dois dias já quase nnão tenho tosse. Era estúpido mas acertou, o c*br*o do médico!

2 Paradigma(s) do Outro:

Anónimo disse...

Das coisas que mais abomino são pessoas arrogantes e sem educação!!

Será que esse "menino" não estava consciente de que estavas a contribuir o "chorudo" vencimento?

Anónimo disse...

Fico contente que já tenhas melhorado...