Bullet Proof...I wish I was (Radiohead)
O maior elogio que alguma vez me fizeram foi dizerem-me que a minha integridade era à prova de bala.
O contexto, embora não abonasse a favor do "Elogiador", deixava transparecer uma certa tensão no conflito iminente. Dois adversários. Um, que lutava pelos direitos dos trabalhadores e, não menos importante, pelo bem-estar da classe mais desfavorecida e o outro, que encobria e conspirava a favor da entidade patronal e nos custos que daí advinham.
Propunham-me uma venda nos olhos e uma assinatura que jurava falso.
Recusei, firme e peremptoriamente. Não tinha quaisquer dúvidas morais. Ganhei a batalha. Estava muito orgulhosa do meu feito e muito certa de que tinha ganho a guerra da Morailidade.
Mas a guerra continuou.
Tudo o que nos acontece na vida tem um sentido se formos suficientemente humildes para sermos permeáveis à aprendizagem que daí decorre. Na vida, a aprendizagem não passa para o nosso Eu por osmose.
Por piada, um grande amigo dizia que a felicidade estava em dormir com o livro debaixo da almofada e acordar iluminado, como se o conhecimento tivesse passado pelo simples toque entre a capa do livro e o escalpe da sua brilhante cabeça.
A aprendizagem, quando é verdadeiramente assimilada como parte da crítica massa cinzenta deixa marcas profundas, as chamadas tatuagens da alma.
A cada dia, os meus dogmas morais estão constantemente a ser ensaiados, com testes de ductibilidade e fadiga. Uns são ensaios destrutivos, outros menos destrutivos, quase sempre edificantes.
E os ensaios da peça que é a nossa vida mais não são que a troca de meras variáveis, condicionantes da grande Equação Moral. O Ser Superior diverte-se a encenar, mexendo, brincando e orquestrando os instrumentos que compõem a sinfonia melódica. Os músicos são as mãos de Deus.
Os instrumentos, esses cortam, suturam, agrafam, infectam. Será que Ele não vê que o hematoma fica também nos seus dedos? Será que ele Vê? Serão os nossos os Seus olhos?
Se os Seus olhos forem um bocadinho dos meus, Ele precisa de um doutor, pois que ultimamente os meus olhos choram torrentes de sangue...
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