quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Próspero Ano Novo


Precisamente 150 posts depois do meu último post de 2007, cá venho escrever uma mensagem de Esperança. Mais do que dedica-la a todos os meus caros leitores, voto-a principalmente a mim.


2008 foi um ano de grandes mudanças. Profissionais. Afectivas. De Qualidade de Vida. De Re-hierarquização de Amizades. De Re-prioritização de Valores.


Apareceram novas pessoas na minha rede social: as meninas da Associação Recreativa, algumas colegas do novo trabalho e a minha Luna (é indiscutivelmente mais categoria pessoa que animal).


Desapareceram outras.


Em 2009, vaticino um ano de muito trabalho e muita poupança, mas cheio de alegrias e seguramente menos angústias.


Se puder, enfiar-me-ei numa redoma, da qual só sairei quando a tempestade interior se acalmar.


E sim, até nisso mudei...


terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Óculos


Hoje esqueci-me deles na gaveta da mesa de cabeceira...estou tão vesga e ainda tenho tanto por fazer...


Tenham Misericórdia!


Em Repeat

Há músicas que nos são apresentadas e que não conseguimos deixar de ouvir on and on and on.


Há uns aninhos, foi o que me aconteceu com esta...



Walk out into velvetNothing more to sayYou're my favourite momentYou're my SaturdayCos you're my number oneI'm like a dog to get youI want it up and onI'm like a dog to get youYeh, yeh, yeh, yehSunset only secondsJust ripe then it's goneGot no new intentionsJust right then it's goneCos you're my number oneI'm like a dog to get youI want it up and onI'm like a dog to get youYeh, yeh, yeh, yehI'll be there to meet youGetting down to greet youWalk out into velvetNothing more to sayYou're my favourite momentYou're my SaturdayCos you're my number oneI'm like a dog to get youI want it up and onI'm like a dog to get youYeh, yeh, yeh, yehCos you're my number oneI'm like a dog to get youI want it up and onI'm like a dog to get youYeh, yeh, yeh, yehHowl under the moonHowl under the moonYeh, yeh, yeh, yehHowl under the moonHowl under the moonYeh, yeh, yeh, yeh



E mais esta...



Dial up my number nowWeaving it through the wireSwitch me on, turn me upDon't want it baudelaireJust glitter lustSwitch me on, turn me upI want to touch youYou're just made for loveI need la la la la la laI need ooh la la la la I need la la la la la la I need ooh la la la laCoils up and round meTeasing your poetrySwitch me on, turn me up Oh child of VenusYou're just made for loveI need la la la la la laI need ooh la la la la I need la la la la la la I need ooh la la la laI need la la la la la laI need ooh la la la la I need la la la la la la I need ooh la la la laYou know I walk for daysI wanna waste some timeYou wanna be so meanYou know I love to watchI wanna love some moreIt'll never be the sameA broken heel like a heartI'll never walk again Yeah! I need la la la la la laI need ooh la la la la I need la la la la la la I need ooh la la la laI need la la la la la laI need ooh la la la la I need la la la la la la I need ooh la la la la



E agora, venha o Diabo e escolha a melhor destas para ouvir enquanto se corre (não, não voltei a correr, mas não tarda nada e vou palmilhar as praias algarvias em plena chuva).

domingo, 28 de dezembro de 2008

O Livro do Momento

Festas Felizes


A melhor prenda do Natal inteiro: epá, os sapatos São Taborda lindos que a minha Mana me ofereceu. Roxos. A dar com o vestido de boneca, com um bruto de um decote que vou usar na noite de Passagem de Ano.


A pior prenda de Natal (sim, ok, era suposto agradecer tudo e mais alguma coisa, que as pessoas dão de coração, etcétera e tal, mas eu tenho de ser honesta): uma torre de chocolate.


[Epá, uma torre de chocolate? O que é isso?]

É uma espécie de pratos em inox empilhados em tamanho crescente no sentido céu-terra, espetados num eixo, todo ele também em inox que se coloca no centro de uma mesa a jorrar chocolate fundido, qual fontanário, sobre o que bem nos entender: fruta, bolachas, bolinhos, gelado.
E sim, eu sei que sou doida por chocolate e quem mo ofereceu também o sabe, mas um fontanário de chocolate está para a mesa requintada, como a mesa de marisco está para o casamento chic. E realço, just so you know, marisco está para mim como um threesome está para a Rainha de Inglaterra: só na mais absoluta das intimidades, no mais absoluto segredo e com as pessoas mais discretas do Planeta. Sublinho ainda que ambas as últimas frases poderiam constar de uma PGA.


Bom, voltando ao pavor do fontanário, ainda nem o desembrulhei por completo. Olhei para aquilo e aquilo despertou na minha líbido algo inominável num blogue de bom tom como este.


Recebi do meu Menino Jesus uma pulseira em pérolas roxas (apenas mais um pequeno apontamento), da minha Mãe uma cadeira em pele igualinha à da cama para substituir a da casa de jantar que coloquei no meu quarto a servir de empilhador de roupa durante a semana, do meu Pai uma peçinha linda para a minha pulseira Pandora, um filme sobre os Neveiros do Coentral (esta história eu conto some other time), um creme de mel para a minha doce pele, um cachecol à freak espectacular para usar com o meu novo hairstyle, um conjunto de taças de sobremesa, um colar com pedras semi-preciosas para esta preciosidade, uns brincos Pedra Dura absolutamente originais, um maravilhoso fondue de chocolate, 6 taças de sobremesa e...tan tan tan tan...um tímido mas significativo presente: AQUELA sms.


Ui...isto promete!


Na realidade, o que eu vim aqui dizer foi que este Natal soube-me mesmo a Natal: com direito ao Marisco, à Carne de Porco à Alentejana, ao melhor Arroz Doce do Mundo e ao Ensopado de Galo do dia de Natal...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Ensaio sobre a Lucidez


Tratando-se de uma continuação de Ensaio sobre a Cegueira, consigo subentender o fio condutor, não na vida daqueles 7 condenados, mas na podridão a que a humanidade consegue descer.


Um Presidente da Câmara compassivo, um Presidente da República com sede de poder (parafraseando, só corta fitas e faz discursos), um Primeiro-Ministro "trata-me disto", um Ministro do Interior maquiavélico, um Comissário com bom coração.


Entende-se, ao longo do desenrolar da trama, que neste mundo em ninguém se deve confiar.


Penso ter descoberto a razão pela qual amo a escrita de Saramago: ele fala com as palavras que os meus Avós usavam quando eu era minúscula. Pérolas como "avonde", "cautela", construções frásicas bizarras como as deles, quase todos analfabetos. Tenho tanto medo que esse tempo antigo se perca com a morte de Saramago, quase tanto medo quanto aquele que tive quando vi extinguir-se, uma a uma, a chama das vidas dos meus tão estimados Avós.


De qualquer forma, o livro acaba como as músicas dos Kaiser Chiefs: sem ninguém esperar.


Um dia, também eu gostaria que alguns dos meus votos em branco fossem expressão do descontentamento geral. Um dia, gostaria que a Anarquia fosse, sem sombra de dúvida, o "regime" por excelência.


Mas Anarquia, no senso comum, é tão pejorativo, que vos convido a ler e a alcançar uma nova visão sobre o assunto, uma mais informada, que não vos dê um calafrio espinha acima.
Em Ensaio sobre a Lucidez entende-se que o povo viveria bem num sistema anárquico. Os-que-mandam é que não aguentariam tanto respeito, tanto civismo e teriam, como as personagens, de sabotar cada gesto grande e generoso, causando o pânico, o medo, a derrota desse "sistema" perfeito de respeito pela liberdade.


Ninguém faria mal a ninguém. Nem mesmo sem ser "por mal".

Às Vezes o Amor - Sérgio "Gordinho"


Ia eu contente e feliz, de óculos escuros na minha bomba, a atravessar a ponte e a desviar-me das músicas horrendas de Natal que povoam as rádios deste País por esta altura, eis se não quando...

Que hei-de eu fazer
Eu tão nova e desamparada
Quando o amor
Me entra de repente
P´la porta da frente
E fica a porta escancarada

Vou-te dizer
A luz começou em frestas
Se fores a ver
Enquanto assim durares
Se fores amada e amares
Dirás sempre palavras destas

P´ra te ter
P´ra que de mim não te zangues
Eu vou-te dar
A pele, o meu cetim
Coração carmesim
As carnes e com elas sangues

Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
é cego e surdo e mudo

Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
é cego e surdo e mudo

E o dia tão diário disso tudo

E se um dia a razão
Fria e negra do destino
Deitar mão
À porta, à luz aberta
Que te deixe liberta
E do pássaro se ouça o trino

Por te querer
Vou abrir em mim dois espaços
P´ra te dar
Enredo ao folhetim
A flor ao teu jardim
As pernas e com elas braços

Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
É cego e surdo e mudo

Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
é cego e surdo e mudo

E o dia tão diário disso tudo

Mas se tudo tem fim
Porquê dar a um amor guarida
Mesmo assim
Dá princípio ao começo
Se morreres só te peço

Da morte volta sempre em vida
Da morte volta sempre em vida

Às vezes o amor
No calendário, noutro mês é dor,
É cego e surdo e mudo

E o dia tão diário disso tudo
Da morte volta sempre em vida

...me lembrei do teu sorriso tão terno, de como disfarças quando ouves as conversas que tenho com outros enquanto tens as tuas, dos teus planos de fazer uma escada para as águas furtadas, dos teus olhares escancarados, do toque da tua camisola de caxemira...

sábado, 20 de dezembro de 2008

Churrasco de Natal


Pára tudo.


Pá-ra tu-do.


Hold your breath.


Estava eu na fotocopiadora quando no placard das notícias vejo um convite para o Churrasco de Natal. Chego ao meu open space e exclamo:


- Eilá, churrasco de Natal?!?!


Sou olhada com aquele olhar fulminante que as minhas colegas me emanam sempre que os meus saltos são superiores a uns míseros dois dedos. Só que desta vez não foi por isso.


Parece que é tradição lá na empresa. Há um conjunto de colaboradores que se juntam e organizam a festa com a Direcção de Comunicação e Imagem para todos os outros colaboradores da nossa e das restantes empresas do grupo. Somos mais de 1000 e ainda nem recrutámos para Angola.


Desde as 3 da tarde, hora a que cheguei do almoço, que os senhores do catering montaram dois enormes gingarelhos de fazer rodar os coitados dos porcos acabadinhos de matar e empalar e desatam a assá-los como se não houvesse amanhã.


Temia o pior. Durante a tarde, lembrei-me de fazer as fichas de identificação de resíduos com os respectivos códigos LER para colocar nos enormes contentores. O Churrasco era nada mais nada menos que no interior da oficina.


No interior da oficina...


Ainda bem que somos uma empresa conscienciosa. Os manobradores e mecânicos estiveram toda a tarde com a máquina de lavar o chão para que o cinzento da tinta epoxi brilhasse naquele evento. E brilhava.


Quatro enormes mesas feitas das bobines de cabo eléctrico dispunham o pão caseiro cortado às fatias, os refrigerantes, uma mesa só de tintol e outra só de doces de Natal.


Lá fora, um dos Directores de Obra da Electricidade esquartejava os porcos e assava "as chouriças", as maravilhosas farinheiras, as morcelas...


Um dos Administradores serviu-me de chouriço e o animal do Esquartejador colocou sobre o meu pão um pedaço enorme de carne (ainda se viam os pelinhos chamuscados) cheio de gordura.


Rezei 3 Pai Nosso e 4 Avé Maria antes de provar aquele atentado à minha integridade. Odeio matanças de porco, odeio carne com gordura, odeio comer com as mãos (até acho que nem o sei fazer, tirando para o marisco).


Demorei décadas a deglutir aquilo. Mas fi-lo. E com um sorriso na cara. O Patrão veio cumprimentar-me com dois beijinhos repenicados na face e um elogio rasgado à minha beleza.


Agradeci, como compete.


Estava lá a nata. Senti falta dos meus preparadores, do pessoal da unhaca cheia de cimento, do pessoal da vala e dos postes.


Soube no outro dia que, graças ao Administrador do Chouriço não fui parar permanentemente a uma obra na Refinaria de Matosinhos. Soube que ele disse "Não a vamos estragar já.". Eu acho que teria gostado, mas eles sõ vêem a casca.


Ao invés, decidiram dar-me a responsabilidade de passar a gerir a parte da Construção Civil em paralelo com a da Comunicações e Sistemas de Georeferenciação, a minha preferida.


Foi uma espécie de promoção na horizontal, salvo seja. Era o meu objectivo secreto, sobretudo agora que bámos alargar os horizontes da construção para Angola...


Não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe.


Gotan Project

Tenho uma companhia fixa para os concertos a que vou. Gosto de ir com ele e com mais ninguém. Sei lá eu porquê! Mas apetece-me estar só com ele. Ele aprecia a música como eu, preserva o silêncio, está sempre bem disposto, dança como uma criança que não se sente observada.
Gosto de ir com ele e só com ele.
Desta vez, falei-lhe deste, ele disse mata, eu disse esfola "Eu compro os bilhetes!".
Para verem o meu estado de cansaço, adivinhem lá quem se esqueceu de comprar bilhete para ele....
Não sei que me deu, estava convencida que tinha comprado dois (ele às vezes adianta-se e não é a primeira vez que compro só para mim). Ontem descubro que não...comprei só um.
Hoje, feita doida, procurei na Fnac: esgotado. Procurei no Campo Pequeno: esgotado. Só mais uma tentativa: à boca da urna.
Rezem por mim, porque se não há nenhuma alminha a vender a um preço razoável, eu suicido-me, mas antes, entrego o bilhete nas mãos dele...
Estou tão cansada, Meu Deus.
Já só faltam uns diazinhos para umas mini-férias...
(Escuso-me de dizer que são bem merecidas - isso já o sabem ustedes)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Rembrandt


Pessoal, eu não sei quanto a vocês, mas este fim-de-semana já sei onde vou no Domingo à tarde...

...Museu Nacional de Arte Antiga...parece que há por lá novidades...a primeira vez que Rembrandt põe o coto no nosso belo País à beira-mar plantado...

Eu vou, mas antes deixo-vos com o meu preferido, A Meditação do Filósofo.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

In Praise Of...




...the most Gentle of Men!




You are the bravest man I've ever met
You unreluctant at treacherous ledge
You are the sexiest man I've ever been with
You, never hotter than with armor spent
When you do what you do to provide
How you land in the soft as you fortify
This is in praise of the vulnerable man
Why won't you lead the rest of your cavalry home
You, with your eyes mix strength with abandon
You with your new kind of heroism
And I bow and I bow down to you
To the grace that it takes to melt on through
This is in praise of the vulnerable man
Why won't you lead the rest of your cavalry home
This is a thank you for letting me in
Indeed in praise of the vulnerable man
You are the greatest man I've ever met
You the stealth setter of new precedents
And I vow and I vow to be true
And I vow and I vow to not take advantage
This is in praise of the vulnerable man
Why won't you lead the rest of your cavalry home
This is a thank you for letting me in
Indeed in praise of the vulnerable man

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Milagre


Quantum of Solace


Oh, purfavore, mas o que era aquilo? Uma diarreia mental? Precisavam de dinheiro? Penso que ainda não tinha aqui expressado o meu profundo desagrado pelo facto de terem substituído um canastrão por outro ainda maior.


O papel do Double-O-Seven era suposto ser desempenhado por um homem viril, experiente, educado mas sobretudo sarcástico, altivo, sedutor. That Craig guy, não passa de um colchão de praia. E quem me conhece bem sabe também da minha profunda aversão por homens musculados. E sim, o Daniel é só um colchão de praia: insuflado, vinil-like. Até as perseguições e lutas são mais Rambo-like. Falta-lhe Inuendo. Flair.


Era suposto o nosso Bond não deitar uma pinga de sangue, não suar, enfim ser um Gentleman. Para além do Craig que condiciona todos os meus sentidos, ainda há o pior do filme: o argumento. Já nem a música é boa. Já nem a Bond Girl é breathtaking. 007 sucks.

28 dias


Acabei de ver no AXN um filme, 28 dias (bem sei que um assunto está sequenciado com o outro, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra). Este era um mainstream com a nossa namoradinha dos States, Miss Sandra Berloque. E não é que gostei? Acerca de uma alcoólica num processo de reabilitação. Sem lamechice.

A Minha Primeira Bebedeira


Pois, e por falar em álcool, nada melhor que falar-vos da minha experiência. Ontem, jantar no Paparucha, boa carne, bom vinho, boa companhia. Não, vamos antes recuar um bocadinho.


Pais no Algarve. Fim-de-semana de soltura. Pelo menos d’antes era assim. Convidava os amigos para minha casa, fazia um belo de um jantar. Usava o faqueiro que só se dispõe para as festas de anos. O serviço pintado à mão. E pintado à mão significa duas coisas: nada de máquinas de lavar e morte certa em caso de quebra. Com os Pais fora, fazia tudo o que não devia lá em casa. Depois, eles chegavam e sabiam só de olhar para a toalha na tulha. Nunca me dei ao trabalho de esconder nada. Só não avisava. Já bem bastava o sermão do depois.


Hoje, Pais fora significa que tenho que pensar em todas as minhas refeições e nas horas a que as vou tomar, se é que as vou tomar.

O problema é que o Sair Para a Desbunda estraga todos os nossos horários.Festa de anos de M. Jantar no Paparucha. Estou frita, pensei. Não só estava a chover cumó caraças como tinha acabado de sair do cabeleireiro com aqueles canudos perfeitos. Damn it. Desta feita já não tinha boleia, o que significava que tinha que acontecer um Milagre. O milagre de encontrar um lugar mesmo ao pé do restaurante.


Como de costume, sempre que peço algo aos Senhor Meu Deus, esse algo tende a nunca acontecer. Deus, por favor, não leves a minha Avó. Deus, por favor, nada de ceifar o meu Primo. Deus, por favor, acaba com as discussões entre eles. Deus, por favor, dá-me uma vaga em Medicina. Deus, por favor, make him stop. Deus, por favor, não leves a minha Avó. Deus, por favor, estende os teus braços nos dele e dá-me só um abraço.


Portanto, estacionei em frente à Escola Politécnica. Tinha sapatos de camurça abertos à frente(somehow, camurça e chuva não vão bem juntos), não tenho guarda-chuva, não me apeteceu levar um casaco no mínimo impermeável. Cheguei ao restóran que nem uma Lady. Tirei o meu chapéu da chuva, o rímel estava intacto, soltei os caracóis.


Sentou-se à minha frente o C. O C anda desesperate to get laid. Vê-se a milhas. E tem aquele tipo de gostos que me irrita: dança kizomba, fala espanhol irrepreensivelmente (o que num restaurante argentino mete nojo), é de civil, lê livros de auto-ajuda (eu também, mas não falo disso over dinner com alguém que conheci há dois dias) e deve gostar de AC/DC. Nunca perguntei, mas só pode. Divorciou-se e é Pai de uma menina de apenas 8 meses. Fala imenso da ex.


Epá, desculpem lá, mas acho que o que me irrita mesmo é que ele seja bonito. Irrita-me. Porque é que um homem bonito como ele é tão óbvio? Enfim, mas fartei-me de falar com o meu P, mesmo ali ao lado, a comer comida saudável. E eu, na desbunda da Papa Assada cheia de natonga e da coca-cola. Bebi só um copinho de vinho. Epá, espera lá, a gaja bebeu coca-cola com vinho? Sim, one sip of this one sip of that. Ah, e também havia água.


Acabando o bolo e a romaria ao multibanco fui sentar-me na ponta oposta, junto a ele, A e a SNN. Em 5 minutos percebi que A encontrou a sua cara-metade: SNN dizia que “Ya, o Aya não é assim tão fixe, curto mais o do Picoas”.


Feitos um para o outro. O melhor é apressar-me para comprar o vestido para o casamento. Para picar, disse a A que tinha a prenda da B e que me tinha esquecido de lha entregar no outro fim-de-semana em que estivemos todos juntos. SNN não foi. Quer-me cá parecer que ya, ela curte bué do A mas a B vem no pacote e essa parte, ela já não curte. Mas ele lembrou-se de me picar também:
- Então, quando é que vamos ao tal japonês?
(Deixa-me cá lançar a escada.)


- Prá semana!
(Eilá, coragem! Chama-se a isto pegar o touro pelos cornos!)


- Não tou cá na próxima semana.
(Não estou a fazer-me de difícil, mas não posso mesmo.)


- Quando puderes então.
(Temos-a-vida-toda-pela-frente approach.)


Depois, pezinho de dança. Tinha ido de táxi, pelo que segurou o garda-chuva que cravei a A até ao meu carro. Lá fomos em amena cavaqueira para o Twins. Ui. Música anos 80 e depois, mais lá para as 5 da manhã, martelada comercial. Passou Fragma. Lembrei-me do cd que D me gravou com um Mix de músicas que o faziam lembrar-se de mim. Aquele cd foi tudo o que tive durante 3 anos. Isso e uma carta. E reza assim:


If you're gonna save the day

And you're hearin' what I say

I feel your touch

Your kiss, it's not enough


And if you believe in me

Don't think my love's not for real

I won't take nothin' less then a deeper love


Let me tell you

You, no I,

I need a miracle

I need a miracle

It's more physical than

What I need to feel from you


Tell me that you understand

And you'll take me as I am

You'll always be the one to give me everything

Just when I thought no one cared

You're the answer to my prayer

You lift my spirits high

Come on and rescue me



Bebi uma caipiroska. Outra cola. Os pés doíam. Time to go. Queríamos enfiar R num táxi, depois de 2 copos partidos no chão. Há pessoas que não sabem mesmo beber. Pior é quando estas pessoas conhecem alguém que serve bebidas no bar. Aí é que o caldo se entorna.


Enfim sós, percebi pelo andar que ele estava tocado, but didn’t quite understand the extent of the damage. Trocava levemente o passo e gozava consigo mesmo. Fomos conversando até sua casa, duelo Nova-Técnico, ele a desculpar-se por ser a senhora a levá-lo a casa e não o contrário, porque nem ficava de caminho. Senti que ele estava verdadeiramente preocupado com o incómodo que me causava (que na realidade não era nenhum). Pedi que me desse um toque quando chegasse a sua casa. Fez ainda melhor que isso.


Hoje acordo com uma sms. Tomei o pequeno-almoço. Arrumei. Limpei. Esfreguei. Fui ao supermercado. Voltei. Pus-me a ver filmes. Uma fome descomunal apodera-se de mim.


Enquanto cozinhava, lembrei-me de pôr um som e beber um copo de vinho. Bebi dois copos generosos: um com a entrada e outro com o prato principal. Aterrei no sofá, atordoada. Fechei os olhos e tudo à minha volta rodava. Abri. Um torpor nos membros, uma sensação de relaxamento profundo. Vontade de rir. Pensei, so that’s what I’ve been missinng. E gostei. Fechei os olhos mais uma vez e, tarán, náusea. Resultado: não retive o jantar. Adormeci. Parecia-me tudo uma Twilight Zone.


Ao menos já sei a minha conta: menos de metade de uma garrafa, caso esteja de estômago vazio.



E querida AF, nada de mandar mail a gozar com o clone. Aqui a siamesa também tem direito à vida...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Descobrir


É fantástico quando descobrimos uma coisa nova! Melhor ainda quando descobrimos essa "coisa" dentro de nós.


Descobri hoje que sou tímida.


Vá, não riam já. Sim, eu sou tímida. Bem sei que vos parece que sou a rainha da festa, que falo pelos cotovelos, que sei sempre o que dizer, como agir. Que por vezes até encanto com o meu génio social.


Mas essa sou eu ao natural, quando me sinto como peixe na água, quando não tenho nada a perder nem a ganhar, excepto a vossa simpatia.


Agora quando nos sentimos na mira das atenções de alguém, ou quando todos arranjam forma de nos deixar a sós, fico sem saber o que dizer, como olhar. Tenho a tendência horrível de sobrevalorizar o embaraço e desatar a fazer coisas.


Ficámos sós a assar castanhas ao lume. E eu queria tanto ter conseguido olhá-lo nos olhos. E dizer-lhe com o olhar que tenha esperança, que as guardas da minh'alma estão dispensadas para férias de Verão.


E como nestas alturas faço tudo ao contrário daquilo que sinto, disse para ocupar o espaço "Essas castanhas assim molhadas vão demorar alguns 23 mil milhões de anos a assar...".


Oh, God! Sou ou não sou tímida?


domingo, 30 de novembro de 2008

Obrigado por teres sido quem fostes...


In 1953, when asked what she wore in bed, Monroe famously replied, "Why, Chanel No. 5, of course."


É incrível como algumas ideias conseguem ser ainda tão actuais...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Mais uma Aventura...


Há quem faça um corte de cabelo radical, há quem mude de emprego, há quem espezinhe os amigos mais próximos.


A minha maneira de mudar é ocupando cada segundo de pensamento voluntário com um assunto completamente novo. E difícil. Quanto mais tempo demorar para entrar, mais gosto tenho.


Sim, vou voltar a estudar. Que nem doida. Já estou a preparar tudinho. Vou ficar endividada até à ponta dos meus longos cabelos durante uma eternidade. Avizinham-se tempos difíceis. 3 anos. Mas, in the end, sei que vou estar lá, entre os melhores!


Aqui fica um pedido de desculpas antecipado (sim, bem sei que desculpas evitam-se, mas...) pelo meu profundo egoísmo.


Terei menos tempo para estar convosco, Meus Sobrinhos, Minha(s) Mana(s), Meus Pais, Minhas Queridas, Meus Queridos, Minha Luna, Minha Casa.


Irei "quase nunca" ao cinema, em vez de "quase sempre".


Terei as unhas pintadas uma vez por ano (aliás, se as conseguir deixar crescer).


Terei cabelo de bruxa quase quase sempre (aí já podem perguntar sem que vos leve a mal "Vais varrer ou vais voar?).


Falarei cada vez menos de viagens e de livros (de literatura, claro).


Ficarei (ainda mais) vesga.


Se no fim disto tudo, ainda conseguir manter este meu cantinho, serei a mulher mais feliz do mundo.


Tudo o que restar depois deste furacão, é porque era mesmo meu!


Mais uma aventura...no mundo dos livros!

domingo, 23 de novembro de 2008

la Rosa


Não me esquecerei. Desafiei-te para jantar com a graça de uma menina. Guardava uma na manga. Em boa verdade, tinha coisas combinadas, mas não me apetecia. Descartei-me atabalhoadamente. Não me levaram a mal. Respondeste à letra: nem esfusiante nem indiferente. Não me esquecerei.


Não, não me esquecerei. Aguardaste à porta do hotel. Abriste a porta à Princesa. Tinhas aquecido o banco só para mim. Mas a Princesa estava com os calores. Maduro. Confiante. Sabes o que queres e não desvias da rota. Estacionaste à porta, descontraidamente. Não me esquecerei.


Como poderia eu esquecer? La Mafia. la Rosa. Douro, pois! Ricotta e Rucola. Italiano, quando na realidade querias japonês. Guardei o trunfo nipónico para jogar em casa. Oh, não! Outra vez forro vermelho! Mas onde é que eles vão comprar estes fatos? Pediste licença para aliviar o pescoço. Sorri. O que passa na cabeça de uma mulher... Não me esquecerei.


Esquecer-me porquê? Tailândia. Massagem todo o santo dia a preço de chuva. Planos? Já? Conhecemo-nos há tanto e nunca reparei na bondade do teu olhar. O tecto ruiu. O seguro pagou. Um pomar aos 25. Ao contrário. Pode ser que lá voltemos...Não me esquecerei.


Esquecer o inesquecível? Ficou tarde tão cedo. Abriste caminho até mim. Suave. Jamais esquecerei.



terça-feira, 18 de novembro de 2008

Back into shape


A Grande IV informa que acabou de tirar o Passaporte.


Não obstante, este Passaporte, o de Segurança, permite-nos laurear a pevide com relativo à vontade, não em países longínquos, mas sim em instalações de risco elevado como subestações de alta e média tensão, petroquímicas, papeleiras, and so ion and so ion. Tipo, tratamo-nos por tu, a instalação e eu.


Já não se aplica a máxima da Segurança: não sabe não mexe!


Aqui a vossa amiga confessa que já tinha saudades de um bom desafio: foi (para não variar) a melhor da turma e, pasmem-se, com um aproveitamento de 99%.


Damn it!


...onde é que eu estava com a cabeça...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ensaio sobre a Cegueira - Parte II


Em duas palavras: BRU TAL


[nota de edição: eu odeio a expressão “brutal”. Hoje-em-dia é tudo brutal. “Esta sopa é brutal” ou “Esta música é brutal” ou “A minha mãe é brutal”. Tudo isto quer dizer bom, óptimo, maravilhoso ou sinónimos. Com tanto adjectivo que a língua de Camões oferece mesmo ali, à mão de semear, e vão logo escolher o brutal…pelease]

Bom, dizia eu que o filme é Brutal. Estava certa quando escrevi no outro post que, mesmo sem o ter visto, estava já na shortlist de nomeados a Melhor Filme da Minha Vida. E este galardão não é atribuído assim, levianamente, por dá cá aquela palha ou do pé para a mão.

Era suposto que um filme fosse pior que o livro que lhe deu origem, excepções feitas a Dracula de Bram Stoker e a Lolita de Vladimir Nabokov. Ponto final. Para piorar as coisas, o livro em epígrafe é de um dos meus escritores favoritos.

Mas desta vez, para variar, o filme não é melhor nem pior que o livro: é-lhe tão somente Fiel. Não acrescenta, nem corta. Não tece considerandos. O realizador filmou factos. Podia até tratar-se de um documentário. O sumo, esprememo-lo nós. As metáforas do livro também estão lá. Cabe a cada um interpretá-las como bem entende. Se é que entende. Como no livro.

Por outras palavras, amei o facto do filme ser feito para pessoas inteligentes. Não há cá papinha feita.

Fiquei com vontade de repetir para reparar nos pormenores além primeiro plano. Passei todo o santo filme com o coração a saltar-me no peito. Vi poucos jeitos de o conter cá dentro, tal era o nó.

E quando se pensa que a sortuda é a Mulher do Médico porque vê quando mais ninguém consegue, eu diria, que sortudos os que cegaram! Porque não viram a miséria humana, a degradação crescente, apesar de a terem sentido. Infinitamente forte e bem interpretada por Julianne Moore, a personagem cola-se-lhe como segunda pele.

O Cão das Lágrimas, não o imaginava assim. É uma das cenas de Esperança.


O Velho foi magnificamente interpretado pelo grande senhor Danny Glover.

Esperava que o Menino e a desgraça fosse uma dicotomia melhor aproveitada, mas o Bem Comum perderia com isso. Respeito, portanto, a Visão. É por isso que ele é realizador e eu sou uma mera espectadora.


O Médico, não se consegue odiar. Tinha o Mark Ruffalo como actor de segunda, contracenando com Jennifer Garner e Reese Witherspoon em filmes de domingo à tarde. Provou estar à altura. Espero vê-lo em grandes filmes daqui para a frente.

O Gael Garcia Bernal, esse sim, conseguimos odiar. Mas odeia-se mais o Cego que sempre foi Cego.

Mas vão ver (com os vossos olhos e a vossa massa cinzenta) e contem-me tudo!

Se podes olhar, vê.
Se podes ver, repara.


E mais não digo!


[Ah, só mais uma coisinha: os críticos de cinema deste País de m*r*a, que em vez de sentirem um profundo orgulho, quando mais não seja por verem no genérico final um nome português e uma obra prima do Cinema, andam para aí a maldizer gratuitamente. Raistaparta estes ingratos! Deviam mas era ser empalados!]


E, agora sim, tenho dito!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Fascínio

Desde miuda que sou doida pela Índia. Este fabuloso anúncio só veio encantar ainda mais O Sonho que tenho em fazer um backpack nos meandros deste Mundo Fantástico!

Um dia...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

George Clooney


Oh, Meu Deus! O homem é conhecido como o George Clooney do escritório do Cairo.

Sigur Rós


Campo Pequeno. Ontem. (Está a tornar-se um clássico)


Primeira parte da inteira responsabilidade de um conjunto de 4 imberbes islandeses chamados For a Minor Reflection. 3 músicas fizeram a meia hora. Mas que 3 músicas! Intensas. Pulsantes. A alma da banda? O baterista. Asseguro-vos que todos os 4 dão o litro: acredito que apenas o baixista e o baterista não tinham as unhas a sangrar no final.
Confessaram nunca ter tido a casa tão cheia (éramos aí uns 4 mil). Estavam habituados a actuar para grupos entre 20 a 50 pessoas (not). Fizemo-los felizes ontem!


Responsabilidade social, o hot topic do momento, contaram-nos que envergavam t-shirts feitas pela mão de prisioneiros islandeses e que se encontravam à venda, juntamente com o seu cd, à saída do concerto.


Segundo Acto. Sigur Rós. Os meus Sigur Rós. Vieram apresentar o novo disco. Ninguém entende lá o que eles cantam. Eles também não. Inventam uma letra em hopelandic que, acompanhando a melodia, nos invade coração, pulmões e cérebro como maré viva.


É intenso, asseguro-vos. Foram 2 horas sardinha em lata, mas que valeram a pena o deitar tarde, estar em pé, ora com calor, ora com frio, ora envolta numa névoa de fumos diversos, ora estarrecida com aquela voz que nos aquece por dentro.


Não fazendo ideia do que dizem, faz-me pensar que a linguagem que exprimem é universal, como a do Amor (ou não, mas o Mundo seria um lugar seguramente melhor se nos fosse permitido expressarmos esse Estado d'Alma sem atenuações).


Aqui deixo uma das minhas preferidas que, infelizmente, não foi contemplada no alinhamento de ontem, Samskeity do "álbão" Heim.


terça-feira, 11 de novembro de 2008

São Martinho


Atolada em trabalho, pois que só mexo os olhinhos e as mãozinhas para dar despacho às toneladas de assuntos que se acumularam durante uns míseros 5 dias que, por sua vez compõem uma semaninha, na qual estive tão ocupada com A Proposta para O Cliente, que não fiz mais nada a não ser A Proposta.


Hoje recebo um e-mail maroto a desafiar-me para mexer algo mais, mesmo em cima da hora do almoço.


Fomos a uma tasquinha perto do tribunal administrativo (estes advogados!!!). Partilhámos um belíssimo arroz de cherne com gambas. E ficámos combinados para choco frito next week.


No final da refeição, água pé e castanhas!


Aí é que me lembrei que hoje é dia de São Martinho!


segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Leituras Simultâneas




sábado, 8 de novembro de 2008

Tourada

Campo Pequeno. Ontem. Nove e meia da noite.

Vem-me à memória que é apenas a segunda vez que ali vou. A primeira, tinha uns 5/6 anos, para ver circo por altura do Natal. Odeio circo. Já naquela altura era visceral.

Comentei. Ele já lá tinha ido para ver tourada. Confessou até que houve uma altura que não apreciava, mas agora, com a idade, começava cada vez mais a fruir do espectáculo, em especial daquela parte mais justa que era a pega, a parte dos forcados. É mano a mano, dizia. O homem contra o touro.

Fiquei cega. Comecei a ouvir um zumbido nos ouvidos. Cheguei a pensar que estava a ter um ataque cardíaco. Ou um avc.

É que este assunto tem sido debatido cá nas minhas entranhas desde que me conheço como gente. Os meus quase pais e a minha quase Mana são aficcionados. Os meus pais não ligam. A minha Irmã não liga.

Mas eu ligo e muito.

Ohmessa! Não consegui vencer aquela vontade que tive de começar a disparatar com aquele absurdo. Digamos, que também não tentei com o afinco que a situação pedia.

Aproveito este espaço de opinião para expressar a minha. Doa a quem doer. Ofenda-se quem se ofender. Prometo que desta vez respondo aos comentários que aqui quiserem deixar. O assunto assim o exige. Vamos lá então desconstruir:

1) Ah e tal, é tradição

Meus Amigos, tradição vem do latim e quer dizer entrega, isto é, algo que se passa de geração em geração, um hábito, um uso. Se é tradição é porque vos passaram. E será perpetuada, se assim o entenderem, para a próxima geração.

Isto é aquilo a que se chama pescadinha de rabo na boca. Só é tradição porque vos passaram e só continuará a ser tradição se decidirem passar a outro e não ao mesmo.

Oferece-me dizer que também é tradição muçulmana a excisão feminina. Penso que aqui estarão todos de acordo que se trata de uma verdadeira atrocidade, para não dizer atentado à condição humana.

2) Ah e tal, não fossem as touradas e já não havia touros

Por muito que me custe, é a ordem natural das coisas. Ou queriam conviver com mamutes e dinossauros? Se o pobre bicho não se adapta às condições ambientais de hoje-em-dia, que fazer?

Uma coisa é andarmos atrás das tartarugas para lhes proteger os ovos dos predadores, com o objectivo de as devolver ao meio. Louvável.

Ou servirmos de "chulos" ou facilitadores das relações sexuais dos pandas porque são um animal tão, mas tão, mas tão preguiçoso que nem para o sexo arranja energia. O objectivo: termos pandas em zoos. Não tão louvável, mas enfim, sozinhos não se safavam lá fora.

Outra coisa bem diferente é andarmos a criar touros para depois os sacrificar numa arena para gáudio de uma minoria. Reprovável, meus senhores. Reprovável.

3) Ah e tal, mas a parte dos forcados é justa

Justa? I see. O homem (ou vários equivalentes em peso ao touro, serão 5, se não estou em erro) contra o touro. Se virmos a coisa como um momento isolado, até me pareceria bem.

O problema começa pelo facto do raio do contexto mudar tudo. O contexto em que, depois de 300 mil atrocidades inflingidas ao touro (umas que acontecem antes do touro sequer sair da ganadaria, outras durante o transporte até à praça, outras nos bastidores da praça, outras, as menores de todas, em praça pública) aí é que os Forcados têm tomates para enfrentar o touro (desculpem a expressão grosseira, mas estou mesmo revoltada). Mano a mano. Pois sim! Por essa altura, já o coitado do touro está cansado, irritado, abatido, conformado. Isso não é de igual para igual. Temos pena.

4) Ah e tal, mas depois da tourada o touro é morto sem sofrimento

É o mínimo. Mas não o matam para o comer, pois não? Matam porque andaram a torturar o animal por divertimento e depois ele já não está em condições para permanecer vivo sem ser ligado à máquina.

Também vos digo uma coisa: ser considerado espectáculo ver o touro morrer na arena, como em Barrancos ou em qualquer praçinha de toiros de meia-tijela em Espanha, é sinal de que as pessoas se divertem com coisas tristes. Faz-me lembrar os velhos tempos do escorbuto, em que as bruxas eram queimadas em praça pública ou os condenados decapitados (na melhor das hipóteses) à frente de homens, mulheres e crianças. E todos achavam muito divertido.
Ora, Graças a Deus, que se inventou a televisão!
Pronto.
Passado que estava este primeiro embate, e depois da discussão amistosa cujos argumentos colheram, ele guarda a viola no saco. Lindo menino.
Et aprés, 3 horas de puro deleite ao som de Melanie Pain que, digam lá o que disserem, é a alma do grupo. A minha preferida:In a manner of speaking. Bem e Killing Moon. Mas Dance with me também me leva. Para a paródia, Too drunk to fuck ou Human Fly.

Aqui vos deixo uma letra que podia ser minha:

In a Manner of speaking
I just want to say
That I could never forget the way
You told me everything
By saying nothing
In a manner of speaking
I don't understand
How love in silence becomes reprimand
But the way that i feel about you
Is beyond words
Oh give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Ohohohoh give me the words
Give me the words
That tell me everything
In a manner of speaking
Semantics won't do
In this life that we live we only make do
And the way that we feel
Might have to be sacrified
So in a manner of speaking
I just want to say
That just like you I should find a way
To tell you everything
By saying nothing.
Oh give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Ohohohoh give me the words
Give me the words
That tell me everything
Oh give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Ohohohoh give me the words
Give me the words
That tell me everything

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Toxic

Baby, can’t you see
I’m calling
A guy like you
Should wear a warning
It’s dangerous
I’m fallin’
There’s no escape
I can’t wait
I need a hit
Baby, give me it
You’re dangerous
I’m lovin’ it
Too high
Can’t come down
Losing my head
Spinning ‘round and ‘round
Do you feel me now
With a taste of your lips
I’m on a ride
You're toxic
I'm slipping under
With a taste of a poison paradise
I’m addicted to you
Don’t you know that you’re toxic
And I love what you do
Don’t you know that you’re toxic
It’s getting late
To give you up
I took a sip
From my devil's cup
Slowly
It’s taking over me
Too high
Can’t come down
It’s in the air
And it’s all around
Can you feel me now
With a taste of your lips
I’m on a ride
You're toxic
I'm slipping under
With a taste of a poison paradise
I’m addicted to you
Don’t you know that you’re toxic
And I love what you do
Don’t you know that you’re toxic
Don't you know that you're toxic
With a taste of your lips
I'm on a ride
You're toxic
I'm slipping under
With a taste of a poison paradise
I'm addicted to you
Don't you know that you're toxic
Intoxicate me now
With your lovin' now
I think I'm ready now
I think I'm ready now
Intoxicate me now
With your lovin' now
I think I'm ready now

Dos encontros...


Hoje faz anos o meu querido G.


Aliás, todo o santo mês de Novembro é pautado por aniversários porta sim porta sim, o que me faz pensar que os Pais destes amigos comemoraram bem o Carnaval.


Liguei-lhe logo de manhã. Estava difícil que me atendesse. Ainda pensei que estivesse de férias. Tentei uma última vez para o trabalho e tive medo que me atendessem em galego. Lá me atendeu, com aquela voz inconfundível:


- Tou?

- G?

- Biegas!!!!!!!!!!!!!!

- Vá lá, ainda conheces a minha voz...

- Como é que me poderia esquecer?


Estivemos perto de 3 quartos de hora na palheta. Fez-me recordar as horas que passávamos ao telefone e as décadas de conversa, esquecidos do mundo. E os milhões de mensagens trocadas.


Está feliz. Cheio de trabalho. A estudar à noite. Casado ao fim-de-semana. Está feliz.


Perguntou por mim. Cheia de trabalho. A gostar do desafio. É duro.


- Então e o resto?

- Tenho o coração feito em pedaços, mas o pior já passou.

- Oh, Biegas! Quando é que tu aprendes?


Todo ele é razão. Todo ele tem razão. Garantiu-me que ninguém podia passar a vida inteira a esquecer que tem um cérebro (per)feito para pensar como o meu e que, quer eu quisesse quer não, também eu ia passar a ter cativo no clube da racionalidade, mais dia menos dia. Ñinguém pode passar a vida inteira a perder. É como ser-se do Benfica, troçou.


Ri-me. Sempre soube como elogiar-me. Mas expliquei-lhe que quem mais perde não sou eu. Sentir assim é um privilégio. E não é para todos. Só se abandona assim de si quem conhece a força que tem.


- És tãs teimosa!

- Não, sou é Idealista. E tenho um Sonho, como o outro.

- E qual é?

- Que todas as pessoas sintam só por um dia, a Beleza que cabe no meu Sentir. Estou certa de que nunca mais ninguém ousaria voltar a contentar-se com o que era d'antes.


Ofereceu-me então o ombro. Para a vida.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

W


Nem a propósito do hot topic de hoje, ontem fui ao cinema ver Oliver Stone. Aprecio sobremaneira as visões do realizador e por isso, arrisquei-me à probabilidade de ir ver um conjunto de tristezas pegadas, ou não fosse o filme uma espécie de biografia desse - no mínimo - Senhor da Guerra.


Ia com uma boa expectativa: a minha amiga I já o tinha visto - e devo acrescentar que os nossos gostos para filmes são água e vinho - e confessou que tinha gostado. Achava que era uma visão um tanto ou quanto imparcial.


Imparcial é bom neste caso, pensei, porque, caso fosse enviezada, bastaria assistir a qualquer conferência de imprensa disponibilizada no You Tube e comprovar com os nossos próprios olhos o que já sabiamos há muito: que a inaptência deste senhor é criminosa. Não roça os limites. É.


Mas lá fui eu desafiada (penso eu de que, ou talvez tenha eu desafiado) ver com os meus próprios olhos essa ode à imparcialidade.


Com a barriguinha cheia de farffalle ai legummi della staggione e o espírito animado por meia garrafa de S. Miguel, lá fomos nós basicamente desidratar - alguém, por favor, dimensione a convecção forçada do ar condicionado daquela sala de cinema - durante 131 minutos, mais sete de intervalo.


Não vou contar tudo. Levanto apenas a pontinha do véu para o seguinte: há vários motivos pelos quais a monarquia é falível, um dos quais (se não o menor) tem a ver com hereditariedade desviante. Ora, se eu sou Rei porque a minha linhagem diz que sim, porque ja o meu pai o era, porque esta família é parente de outra que, por sua vez, se enquadrava na classe nobreza vigente, nada me garante que, de facto, tenha verdadeiras capacidades de governar. Até podia ter, dado que o Ser não se resume apenas aos genes herdados, nem apenas à educação, nem tão pouco apenas à personalidade. Mas não tenho. E já o meu pai também não tinha - mas sempre tinha um bocadinho mais que eu.


Golpe do destino, vai que o senhor acaba com o rabinho sentado na sala oval, prova viva que quando se tem estrela na testa vai-se longe.


O filme dá a conhecer ao mundo os dramas pessoais de W (Geo, para a sua inteligente mulher): o crescente desorgulho e desafecto que o Pai lhe dedicava, uma Mãe dura e crua, a dependência do alcoól.
Mas também lhe enfatiza as qualidades. Resumem-se à boa memória e ao bom fígado (que ninguém me tira da cabelça que os loucos anos destravados não vaticinem uma cirrose como motivo mais que válido para uma morte anunciada). Isso ou vai o Bin Laden, solta o Saddam e vêm contentes e felizes atrás dele, com a Interpol e os SS no seu encalço (perdoem-me o momento silly do dia).


Não basta um homem ser intelectualmente incapaz.


Estar à mercê de "conselheiros" motivados por interesses pessoais e pela vacina de crueldade que o mundo todo leva agora assim que nasce, é, sem sombra de dúvida, o congregar de maldições que só podiam dar no que deram: guerra pública e em directo, guerra velada, crise económica, tortura, negligência, ... (e estaria aqui gladly a vida toda, mas tenho que ir ali a um jantar dentro de 3 horinhas), ... .


Condoleezza é retratada como uma Mr. Burns, queixinhas e lambe-botas. Powell, pelo contrário, foi poupado ao escrutínio público da atribuição de dolo na questão Iraque, tendo sido interpretado com um ser dotado de uma visão humanista e sobretudo sensata. Um verdadeiro banana, no fundo. Não sei se engulo essa, mas vá, temos que pensar que é ficção. Como o sangue dos filmes...


E no fundo, W queria mesmo era ter sido quarterback...


...mas porque é que não o deixaram?????????

Dia de eleições

Palavra curta que o tempo urge. Apenas para que fique em acta, que estou por Barack.
Quanto mais não seja por ser preto e ainda por cima descendente de muçulmanos.
Um tõiõiõimpõimtõim na história do país mais quadrado e mais progressista do planeta azul.
PS - No outro dia vi uma imagem num blogue qualquer que me fez rir como há muito não ria: um cartaz com a foto de Obama e as gordas "Vote em branco".

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Peixoto


Um passarinho contou-me que me espreitas aqui com muita regularidade.


Que te identificas com o que escrevo.


Que achas bonita a minha escrita.


Não consigo colocar em palavras a emoção que senti ao sabê-lo.


Acaso sabes que um cantinho do meu coração é só teu?


Mexican Jew


Sábado, dia de anos do meu Ben, o meu cunhado, do nada, convida-me para jantarmos no Domingo. Parece que estava por cá um colega/cliente/parceiro estrangeiro a quem era preciso entreter.


Ao mesmo tempo que pensei "mas eu sou alguma p*t*, ou quê?" respondi-lhe "tá bem". A I antiga em oposição à nova. Pareceu-me que era importante para ele, a minha Irmã ficava feliz, e sempre ia poder exercitar my rusty very british accent. What the hell?


Era quase hora de me virem buscar. Estava eu em completo silêncio no meu sofázinho, com a mantinha pelos joelhos, entretida a escrever o post de ontem, a minha Luna a dormir e a suspirar, mesmo ao alcance dos meus carinhos. Juro-vos que a última coisa que me apetecia ontem era sair de casa.


Obriguei-me a levantar, tomei um duche rápido. Creme, perfume, sombra, rímel, baton, brincos, sapatos, casaco, mala. Espelho. Looking good! Voei no elevador.


A minha Irmã estava linda. Loira de vestido preto é sempre motivo de regozijo. Fomos buscar o Estrangeiro ao hotel. Típico gringo: chega e não oscula ninguém. "Ora vamos lá quebrar aqui o gelo", pensei.


Comecemos pela geografia. Era americano de San Diego, California. Filho de pais mexicanos, passou alguns anos na Cidade do México até regressar de vez a Seattle. Estudou Marketing em Londres e está de momento a trabalhar numa multinacional em Dublin, onde está também a frequentar o seu MBA. Importante será dizer que a Mãe era hippie nos Loucos Anos Sixties.


Passemos à gastronomia. Tacos. Mole. Enchiladas. Cuitlacoche. Guacamole. Burritos. Picante. Contou-me o segredo da spicy food: não é beber que ajuda a acabar com o fogo; comer pão é que é.


Fomos ainda buscar outro colega que já tinha conhecido antes, a sua casa, em plena José Malhoa.


Iamos ao japonês. Outros tempos e eu teria resistido, mas a I-prá-frente-é-que-é-caminho vê oportunidades e não obstáculos. Fui.


Já tinha experimentado aí umas 3 ou 4 vezes. A primeira, pela mão do meu querido D, ao Sakura. He knew his way arround. Pediu tudo sozinho e preocupou-se em pedir também teppanyaki. Gostei, mas a parte do peixe cru sozinho, sem arrozinho para disfarçar, não dá. A segunda vez na Austrália, outra vez teppanyaki. A terceira vez, em casa de amigos, de um take away em Telheiras. Não fiquei apaixonada.


Fomos ao Estado Líquido. Parece que há um sushi lounge no top floor. Passei quase todo o jantar entretida na conversa com o Mexicano. O que mais apreciei foi o facto de ele se ter confessado judeu reformista. É cá uma cultura! Discutimos as principais diferenças entre Cristianismo e Judeísmo, enumerámos as cerimónias. Nós temos 7. Eles têm 3. Se fosse pela quantidade...Eles rezam 3 vezes ao dia. Nós...praguejamos umas 30. Fiquei a saber que as meninas também têm direito ao seu bar mitzvah, mas têm outro nome que, se não estou em erro é "bat miztva". A diferença entre um tê e um érre.


Miso, sushi, sashimi, tempura, wasabi e mais umas especialidades. Vinho branco a acompanhar. Fomos comer a sobremesa noutra freguesia.


Acabámos a noite no apartamento do amigo. Trocei: "pensava que aqui só existiam escritórios e hotéis". É o único edifício habitacional...e pasmem-se, janelas enormérrimas espreitavam a nossa bela cidade. Uma casa onde os bibelots eram vinho e livros de engenharia...


"Bachelor", pensei.


No final da noite é que eu percebi que a música que o meu cunhado queria que eu desse não era ao judeu...


...3ª F tenho um date.


E é nisto que dá sair sem vontade: acabamos por conhecer pessoas interessantérimas e quem sabe, algo mais...


É só para aprendermos que de nada adianta ficar em casa enquanto a vida corre lá fora...

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Um certo "je ne sais quois"


Um post inteiramente dedicado ao bicho homem. E às generalizações abusivas. Apetece-me.


Antes de mais, sim, bicho. Porquê bicho?


Para nós mulheres, que nos esforçamos por entendê-los e, mesmo com muito esforço, e por mais inteligentes que sejamos, não conseguimos, ao fim ao cabo, consideramos o homem um bicho estranho.


Feito à nossa imagem (ou nós à deles, embora esta questão nos possa levar a outra dissertação noutro post que não este), da mesma carne, da mesma matéria, dos mesmos átomos pequeninos que lhes constituem as moléculas, que, por sua vez, lhes constituem a mesma pele e quase todos os mesmos órgãos, são, no essencial, muito diferentes de nós mulheres.

E eu, com a mania das igualdades, considerava-os pessoas. Pessoas. "Normal", diria a minha amiga C com aquela entoação tão característica. Pessoas. Normal.


Não deixam de ser. Não os quero ofender. Sim senhor, são pessoas. Mas hoje são bichos, por absurdo. Hoje apetece-me provar a minha teoria recém formada por absurdo. Havia a forma directa, mas essa é uma verdadeira seca. Vamos ao absurdo?


Dêem-me então o braço, que eu guio-vos nos meandros do meu raciocínio tortuoso.

Passei a sexta-feira e o sábado a inquirir uns bichos desta espécie. Fiz-lhes as mesmas perguntas. Bem, perguntei muito mais a uns que a outros, apenas porque com uns me sentia mais à vontade que com outros para perguntar certas cenas de sua intimidade, digamos, sexual. Com os outros, fquei-me só pelas perguntas da intimidade mundana.

Pergunta # 1 - Como é que o bicho se apaixona?


Enganem-se minhas amigas se pensam que "aquele olhar", "aquela mensagem", "aquele toque" e todas as circunstâncias maravilhosas que vos rodeiam e vos fazem sentir nas nuvens querem dizer "estou apaixonado por ti".


Numa fase inicial, nenhum bicho está apaixonado. O coração do bicho não está por baixo da pele, do músculo e do osso? Então! O bicho quer dizer com "aquele olhar" nada mais nada menos que "quero saltar-te para cima". Ponto final. Make no mistake.


O bicho não se apaixona à primeira vista. Nem à segunda. Nem à centésima. Duvido muito que se apaixone pela vista. Hoje, duvido até que se apaixone. Que sinta. Vá, mas não vamos tão longe. Fiquemo-nos só por aqui.


O bicho não usa (muito) o cérebro. Isso é só para as horas livres, aquelas em que está a pensar no trabalho, no futebol, nos carros e vá, pronto, alguns espécimes poderão pensar até na imanência do ser. Mas nas horas livres.


A maior parte do dia, não se enganem, é em mulheres que eles pensam. Pensam? Passa-lhes pela cabeça.


Mas não estão a pensar em como foi lindo andar de mão dada convosco no meio da rua, como as vossas mãos encaixam bem, que bonita a mensagem que receberam na manhã seguinte, que quando se beijam ele deixa de sentir os pés no chão.


O bicho, na realidade, está mas é a pensar nas vossas mamocas. Ou nas de outra mulher qualquer. Isto, na melhor das hipóteses.


(lá estão vocês a pensar "ai mas o meu Amorzinho não é nada assim" ou "não, o Fofinho não é como a maioria dos homens" ou "lá está a ressabiada da I" ou "não podemos generalizar"). Whatever.


Amigas, hate to disapoint you, mas eles são mesmo TODOS iguais.


Oh, não! E agora? Que fazer com esta informação preciosa? Como contorná-lo? Como sobreviver a isto?


Pois, esclareço-vos já que não adianta de nada retardarem o momento em que entregam o ouro ao bandido. Isso só lhes faz exponenciar o prazer da caça à donzela (e caçar, está-lhe nos genes, é o que eles sabem fazer melhor).


Fazerem-no, para além de ser incrivelmente careta, porque na fase em que vocês estão, isto é, em ponto de rebuçado, também vocês desejam cair-lhes nas garras, é uma verdadeira estupidez. Negarem-se esse prazer em pleno século XXI? Por favor... Uma mulher não é de ferro.


E se uma mulher não é de ferro, do bicho então nem se fala. Oferece-me dizer que nem de m*r*a é. Mas não digo. Sabem a história dos 3 porquinhos?


Um sopro na orelha e já estão desarmados. Ou armados, depende da perspectiva.


But where was I? Ah, sim, como contornar a dura realidade.


# 1 - Joguem o jogo.


Os bichos são assim e vocês para aí a pensar que os podem mudar. Não podem. You just can't. Então, joguem o jogo, mas com astúcia.


Qual jogo? O do gato e do rato? Não, minhas queridas, o da sedução. Bem, vai dar ao mesmo. Se já sabem que "o que tu queres sei eu" e que o amor o mais certo é não vir depois, but still apetece-vos tirar umas lasquinhas, by all means do it...


# 2 - Não percam de vista o coração.


...however, não percam o vosso coração de vista nem por um segundo. Next thing you know, ele já não mora lá, na vossa cavidade cardíaca, quase no meio dos pulmões. Mudou-se para as mãos do bicho, de armas e bagagens. E nem deixou bilhete de despedida, o ingrato.


Um amigo querido um dia disse-me uma coisa que jamais esqueci e que se comprova mais verdadeira que a teoria heliocêntrica: nós apaixonamo-nos, não enquanto estamos com o nosso bem-querer, mas depois, sozinhos com os nossos pensamentos e recordando.


Segundo a teoria psicológica, o pensamento precede o sentimento. Usem esse poder. É só querer. Como?


Bem, se a maioria das mulheres for como eu, a seguir a um encontro "perfeito", tudo o que quer é ser esquecida pelo mundo durante uma década para poder relembrá-lo 347 vezes por dia sem interferências externas. Contrariem esta tendência feminina à fantasia, à recordação. Por amor de Deus, não se ponham a relembrar 347 vezes por segundo nas palavras doces que o bicho sussurrou ao vosso ouvido, na maneira incendiária como ele vos olhou nos olhos, no toque de veludo da sua pele.


Ocupem-se. De preferência tomem um comprimido dose de cavalo para dormir.


Ah, ah! Não vale uma ida ao cinema. Em vez de estarmos dentro do filme, estamos é a distrair os olhos enquanto pensamos no bicho. É ou não é?


Também não vale desportos solitários, como correr ou nadar.


O que vale mesmo é combinarem uma saída com um grupo de amigos animado, que exija a vossa presença de espírito. Ah, e esqueçam combinar com aquelas amigas(os) a quem contam (quase) tudo. Falar é meio caminho andado para sentir.


Um dia de cada vez. Sempre no presente. Esqueçam o passado. Evitem fantasiar futuro. Presente. Focus. Presente. O máximo de futuro que podem pensar é no que é que vão almoçar dali a duas horas.


Porque a vida ou o destino ou Deus (para os crentes) tira-nos o tapete mesmo antes de aterrarmos. Previnam-se.


# 3 - Façam tudo o que vos apetecer.


Não há receita. Acontece se tem de acontecer.


Por mais bombásticas na cama (ou mesmo no elevador), por mais inteligentes na sala de aula, por mais eloquentes no palanque, por mais ladies na mesa, por melhor lasagna que cozinhem, por mais amorosas que sejam com os vossos avós, por mais altruistas com os desfavorecidos, por mais stunningly beautiful, por mais sentido de humor, esqueçam tudo isso.


Nada disso conta. No fundo, nada conta a não ser "à hora certa, no sítio certo". Uma questão de mera sorte.


Mas não esperem que isso aconteça. E sobretudo, não se ponham a acreditar que tudo pode mudar de um momento para o outro.

O mais provável é que, passadas umas semanas em que tudo parecia correr bem, ou antes, em que vocês fecharam os olhos, condescendendo com algumas falhas que temos a tendência, digamos, estúpida, de perdoar, o bicho vos dê a conversa "um dois três" (abreviando, 123). E perguntam vocês o que é isto da conversa 123? Bem, conversa 123 é:


1 - Temos que falar.


2 - Não és tu sou eu.


3 - Vamos dar um tempo.


Aposto que ao longo da vossa vida, pelo menos uma vez, já deram ou levaram com a conversa 123. É mais velho que o cuspir na sopa.


Então, o que esperam? A conversa, mais dia menos dia, vai chegar. E não há nada que esteja ao vosso alcance para o evitar.


Aproveitem ao máximo o bicho enquanto o têm por perto, porque nada dura para sempre.


É que depois o bicho começa a sentir-se sufocado, com tendência a fugir-vos das mãos que nem lesma ensebada, a não atender o telefone à primeira, a demorar 5 dias para vos responder a uma simples sms. Sintomático. Típico.


O bicho domina com mestria a arte de not getting caught. O melhor mesmo é aprendermos também a fazê-lo: a nossa saúde mental agradece.


E quando se apaixonam, nem eles sabem bem dizer como é que foi ou porque é que foi. Alguns responderam-me que "é tipo uma dor de barriga; não, não é dor, é uma sensação esquisita". Achei querido, como uma criança de 5 anos a descrever uma gastroentrite.


Os outros responderam que foi com o tempo e quando repararam já lá estavam. Lamento desapontar-vos mas a isso não se chama apaixonar; chama-se antes amar ou consentir.


Os meus escopriões preferidos, como racionalizam tudo, devolveram-me a pergunta com "o que é isso do apaixonar?". Está tudo dito, não está?


Pergunta # 2 - O que é que o bicho faz para lhes cairmos nas garras?


Resume-se tudo a uma questão de cenário. Segundo os inquiridos, montar o cenário é dizer, por exemplo, que se foi surfar. Surfar tem cenário.


Ou vestir aquela t-shirt porque é um "ganda" cenário.


Pensava eu que eles não se esforçavam por isso. Mas o bicho monta a armadilha, ou melhor dizendo, o cenário. Se não vejamos:


# 1 - O bicho age no momento certo e gere as nossas expectativas como um MBA. Se fomos tomar um café, mal acabamos de pôr a cabeça no travesseiro, o bicho manda uma sms recheada de galanteios irresistíveis. Se vamos ao cinema, o bicho abre-nos a porta, ajuda-nos com o casaco e ainda escolhe o melhor lugar para nós. Se vamos jantar, discretamente paga a conta. Amigas, evitem tudo isto. Evitem responder a provocadoras sms, sejam proactivas. Liderem. Paguem a conta se for preciso. Mostrem-lhes quem manda.


# 2 - O bicho faz a barba (comigo, digamos que prefiro barba de 3 dias, portanto não colhe).


# 3 - O bicho põe perfume (comigo, digamos que ADORO um bom perfume mas como a pituitária é apurada, consigo distinguir o odor natural, esse sim, muito mais importante).


# 4 - O bicho escolhe a roupa. Sabe o que lhe fica bem e, pior que isso, sabe pelo nosso estilo que estilo deve adoptar (comigo, digamos que aprecio sobremaneira o sense of style e a adequação ao uso. O importante é terem pinta...em todas as circusntâncias).


# 5 - O bicho escolhe o melhor boxer da gaveta e se for preciso, ainda se chateia com a empregada ou com a Mãezinha, no worst case scennario, se aqueles boxers que lhe ficam a matar ainda não estão lavados (comigo, slip é factor de exclusão, e bichos deste mundo, se me estiverem a ler, saibam que mulher que se preze prefere boxers ou nada, não necessariamente por esta ordem).


# 6 - O bicho das duas uma: ou leva cd's se o território é chez nous ou escolhe a banda sonora se estamos chez il. Either way, ou não confia no nosso bom gosto e, pavor, leva o dele, ou supõe que nos vai dar uma lição (comigo, bebés, não vão longe; se há coisa que não me consigo abstrair é dos sons e se o som não me apraz, tá tudo estragado).


# 7 - O bicho, se estiver em vias de extinção, tece uma teia de palavras. Aqui é que a porca torce o rabo. Pode até nem as ter ensaiado, mas a Palavra, comigo, leva-me na certa. Não há nada melhor no mundo que conversar, exprimir ideias e absorver outras, colocar em palavras tudo e mais um par de botas. E se o bicho happens to have accurate sense of humour e me consegue pôr a rir à gargalhada em 3 tempos, é rezar a Deus para que as perninhas não me falhem no momento de fugir.


# 8 - O bicho escolhe a colheita do melhor vinho. Bom, diz-se de Baco que desinibe. Truque vil. A primeira coisa que me passa pela cabeça quando há vinho em campo é "o que tu queres sei eu". É vê-los fraquejar quando me confesso abstémia ou, if they're lucky, quando noto que o bicho conta cada mililitro de veneno ingerido e faz um ar de perfeito terror quando intercalo com um copo de água penalty style. Só para cortar. É como o ás de trunfo. Dá-me um gozo...


# 9 - O bicho conhece o corpo de uma mulher como a palma da sua mão. Ou melhor dizendo, atenta à mais ínfima variação de ritmo da nossa respiração e guia a sua viagem ao balançar das nossas ondas. Ou pior ainda, quando prefere que sejamos nós a guiar. Amigas, aqui é o salve-se quem puder.


Pergunta # 3 - O que o bicho espera que façamos quando já é tarde demais?


Aqui a resposta foi unânime: get lost.


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E a vossa pergunta é "mas porque é que raio este post se intitula "Um certo "je ne sais quois"", quando ela me escreve sobre o bicho homem?".


Fácil, fácil. A característica que provei ser essencial para que bichos e mulheres se apaixonem é, nada mais nada menos que o famigerado "je ne sais quois".


E viva o totoloto!